quarta-feira, 6 de maio de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Vai profetizar para meu povo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A missão dos seguidores de Jesus
            Jesus, em sua missão, associa a si seus discípulos. Ele os introduz em seu modo de agir e os envia em missão. Isso foi uma constante. Ele é mestre que ensina vivendo. Pela convivência com eles já pode perceber que estão prontos para a missão. E assim os envia. Esse texto está dito também para os que viriam depois, isto é, nós. A missão dos discípulos é um prolongamento da missão de Jesus, pois Ele os envia com os mesmos poderes de expulsar os espíritos impuros e de curar os doentes, ungindo-os com óleo. Jesus não ungia com óleo. A unção com o óleo vem nos lembrar a ação do Espírito Santo naqueles que continuaram a missão de Jesus. Há uma identidade muito grande entre o Mestre e seu discípulo. Como o Mestre, poderão ser rejeitados também. O profeta Amós, como os discípulos, era uma pessoa do povo. Ele próprio era um homem do campo, pastor e agricultor. Não era profeta de profissão, como havia no reino de Israel que bajulava a corte e inventava profecias agradáveis e assim ter o que comer. Amasias manda embora Amós porque este falava a Palavra de Deus contra o rei. O profeta não pode incomodar as autoridades e os ricos. Amós responde que não está a cata de comida, mas de anunciar a Palavra do Senhor. Ele não é profeta de profissão, mas de vocação, chamado por Deus. Estava sossegado em suas plantações e rebanhos. E o Senhor o chamou. Hoje há tanta gente que fala. Uns falam em nome de Deus, outros do dinheiro ou de seu interesse. O anunciador de Jesus tem a missão de curar os males e fugir da profecia mentirosa.
A comunidade dos remidos
            Todos aqueles que acolheram a Palavra dos profetas de Jesus, reuniram-se em comunidade. Ela não é um amontoado de pessoa, mas a realização da profecia do salmo 84: “a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a felicidade e a justiça olhará dos altos céus” . Deus e seu povo formarão um mundo novo. Na carta aos Efésios (1,3-14), Paulo descreve toda a bênção que é a “cura” realizada em nós pela obra dos evangelizadores: “O Pai nos abençoou com toda a bênção de seu Espírito. Ele nos escolheu para sermos santos, nos predestinou para sermos filhos adotivos e cumulados de glória e graça. Fomos libertados pelo sangue de Cristo e perdoados de nossas faltas por sua graça. Abriu-nos a toda sabedoria e nos fez conhecer sua vontade: recapitular tudo em Cristo. Em Cristo ouvimos a Palavra. Nele acreditamos e formos marcados pelo Espírito que é o penhor de nossa herança”. A comunidade dos redimidos continua a missão profética de fazer conhecido esse mistério de Cristo de ser tudo em todos. A expulsão dos demônios e a cura dos males se realizam nessa porção do Senhor.
Os pregadores da Palavra

            O profeta nos é sempre incômodo, pois nos despoja de nossas seguranças falsas e nos acusa de nossos males. Ele é curador. Os anunciadores da Palavra recebem de Jesus indicações para seu modo de agir: “Não levem nada pelo caminho; nem pão, nem sacola, nem dinheiro, nem levassem duas túnicas”. O profeta não necessita de enfeites e não compra. Ele vive do despojamento, como o Mestre, que não tinha uma pedra onde repousar a cabeça (Lc 9,58). Terão uma única riqueza: a força de cura e libertação, firmados no Senhor. Vão dois a dois: para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada (Mt 18.17). A comunhão de vida é o primeiro testemunho. Haverá recusa, mas é preciso profetizar: Levarão um cajado: O Senhor é minha fortaleza e minha defesa.

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