PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
280.
Carregai os fardos uns dos outros
O sacramento da penitência, tão bom,
foi tocado pelo individualismo que atingiu a espiritualidade nos séculos
passados. O pecado que cresce na comunidade só pode ter um remédio que, mesmo sendo
para o indivíduo, envolva a comunidade. Esse remédio nos é dado pela Palavra de
Deus, que diz: “Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis toda a lei” (Gl
6,2). O amor cobre a multidão de pecados. Carregar os fardos uns dos outros é
sair do individualismo. Podemos ver quão grandes são os males da ganância, do orgulho
e do prazer desenfreado as três tentações de Jesus e de todas pessoas. Esses
males, que são a raiz de todos os outros, interferem profundamente na
comunidade. Então é na comunidade que deve acontecer a conversão, através da
vida comunitária pelo amor. Muitos dizem que a religião é questão pessoal. Faço
o que quero, você faz o que quer e eu respeito vocês. Deus nos fez povo. E no
povo, indivíduos. Se não reparto o pão, se não sou humilde, se não sou dedicado
ao amor, estou em pecado.
Para vencer esses males, com o auxílio da graça, é necessário
o amor em comunidade. A
confissão se reduziu a pecados contra o 6º e 9º mandamentos. Pecado não é só
problema de sexualidade. No sacramento da penitência é necessário endereçar as
pessoas à vida como um todo. Muitos se confessam semanalmente. É bom, se é
feito para valer, não só por costume e ficar do mesmo jeito. Vamos descobrir o
amor pelos necessitados nos quais refulge o rosto de Jesus. Os necessitadas
podem estar nas diversas camadas sociais, o importante é descobrir Jesus sofre
no irmão.
281.
Companheiros de busca
Além da preocupação com o amor,
preciso encontrar o caminho do amor. Viver o amor em comunidade é também viver
a conversão em
comunidade. Para crescer na espiritualidade de conversão é
bom ter amigos de caminhada. Buscar a espiritualidade juntos é um dos segredos
do crescimento espiritual, para juntos nos defendermos e procurarmos melhores
estradas para viver o evangelho. Conhecemos tanto a frase: “Ai de quem está
sozinho!” O sacramento da penitência devolve-nos à comunidade para juntos
vencermos os males. O amor é vida que constitui essa comunidade na qual tem
ação duradoura a graça de Cristo, que é remédio e estímulo de vida cristã. É
preciso ter amigos no caminho espiritual. Um parêntese para nós, religiosos e
sacerdotes: como é dura a solidão espiritual! Às vezes, nós não procuramos a
santidade juntos. Para que vivemos juntos? Só por ser prático. Uma comunidade
que não procura a santidade em comunidade também é um escândalo que o povo
percebe. Por isso a vida religiosa e sacerdotal nem sempre é testemunho
evangélico. “Vita comunis mea poetentia”, não o maior castigo, como se traduz,
mas o meu melhor caminho de crescimento. Convertamo-nos irmãos e irmãs!
282. Um
amigo especial
Dentre os tantos amigos espirituais,
há um que vale a pena pensar nele. É o amigo especial que se chama também
diretor espiritual Atualmente tem se falado mais sobre essa figura importante
da vida espiritual, muito escassa no momento e também mal compreendida. É
preciso ter alguém que esteja ao nosso lado e faça conosco a caminhada. Ele é
aquele que nos acompanha e junto ajuda-nos a discernir. Deve ser alguém que
caminhe conosco e queira fazer conosco esse caminho para Deus. Não se pode escolhê-lo
de um momento para outro. Mas só depois de longa experiência e maturação. A meu
ver, é aquele que já escolheu Jesus como sua vida e que acredita no evangelho. Assim
pode ajudar-nos a caminhar.
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