Relendo o capítulo 6º de João, podemos perceber o fio amoroso que
atravessa esse capítulo. O pão que desce do céu, Jesus, é o presente que Deus
dá para se fazer acessível e dar-nos a vida. Em muitos textos conhecemos o amor
de Deus que se doa no Filho: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de
Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8). Lemos no
evangelho de hoje que Deus nos dá Jesus como o pão vindo do Céu. Pão para ser
comido. Esse pão é sua carne dada para a vida do mundo. Deus poderia ter tido outra
idéia mais feliz do que falar de comida? De comida, todos entendemos; e bem.
Deus sempre atende e socorre os seus, como nos reza o salmo: “Todas as vezes
que O busquei, Ele me ouviu e de todos os temores me livrou” (Sl 33). O
fundamento de toda a ação salvadora de Deus é sua bondade carinhosa manifestada
em Cristo. Já
no Antigo Testamento podemos provar que tudo é bondade. Vemos sua preocupação
com os pobres cuidando para que eles não passem frio de noite, por ter penhorado
sua capa (Dt 24,12). Esse amor se manifesta ao dar-nos Jesus e, mais ainda,
dá-lo como alimento espiritual para a vida eterna. Deus se dá como alimento.
Entendemos isso? Isso nos ensina a sermos criativos no amor. “Provai e vede
como o Senhor é bom!” E provar de fato, não só espiritualmente. Deus é amor, e
amor criativo surpreendente.
Quem
come deste pão viverá eternamente
Sabemos que o capítulo 6º de João é uma explicação da Eucaristia que se
funda na fé em Jesus e no acolhimento de sua entrega por nós,
na
cruz. O Pai envia o Filho para ressuscitar quem vem a Ele. Jesus veio para
revelar o Pai. “Ninguém viu o Pai. Somente Aquele que vem de junto de Deus, viu
o Pai. Quem crê possui a vida eterna” (Jo 6,46-47). Possuir a vida eterna é
crer. Comer o pão da vida é viver a vida eterna. Crer é aceitar comer a carne
de Jesus que nos foi dada na cruz e permanece à nossa mão no pão da vida. Crer
é comer a carne do Filho de Deus. “Eu sou o pão descido do céu. Quem comer
deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne dada para a
vida do mundo” (Jo 6,51). O pão da vida comunica a imortalidade. Elias, no
Antigo Testamento, como o foi o maná do deserto, dá o testemunho profético da
vitalidade contida no pão dado por Deus (mas que não deu vida eterna). Com a
força daquele pão e daquela água, caminhou 40 dias e 40 noites até o Monte
Horeb para o encontro com Deus. Quanto mais força nos dará a Eucaristia! Jesus
diz ‘eu sou’. Estas palavras em João
significam que Jesus participa da divindade do Pai. Vida que vem do Pão da
Vida, Cristo. É a Páscoa de Jesus na Páscoa da Igreja, a Eucaristia.
Não
contristeis o Espírito Santo
Embora não esteja se referindo a
esse contexto, Paulo nos coloca uma chamada dura: “Não contristeis o Espírito
Santo!” Que significa? A norma central da vida cristã é viver o dom do Espírito
Santo. Viver é segui-lo em tudo. O Espírito
se ‘entristece’ quando não pode desenvolver sua ação divina em nosso favor. Não
contrariar é tornar-se espírito no Espírito. No Espírito não existem os
defeitos que gostamos de cultivar, como amargura, exaltação, cólera, malícia.
Ele é o Espírito de Jesus e nos dá seus sentimentos: amor e perdão. Alegrar o
Espírito, no contexto de João, é acolher sempre Jesus e buscar alimento na sua
carne que é o pão da vida; é viver com a mente de Jesus ao dar a Eucaristia.
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