Movido pelo Espírito, Jesus
continua Seu caminho de anúncio e curas. No Evangelho do 6º domingo comum lemos
a cura do leproso. Os doentes de lepra sempre foram causa de tanto medo. A
Bíblia traz, no livro do Levítico, uma série de normas com as quais quer
proteger do contágio. O leproso era, comprovada a lepra pelo sacerdote do
templo, declarado impuro. Devia viver fora da comunidade e não podia participar
do culto. Só poderia voltar ao convívio social e religioso depois de curado e
comprovada sua cura pelo sacerdote. Jesus é abordado pelo leproso que lhe pede
a cura dizendo “se queres, tens poder de
curar-me”. “Jesus, cheio de compaixão, estende a mão, toca-o e diz: ‘Quero,
fica durado’” (Mc 4,41). Quem tocava um leproso também ficava impuro. Jesus se
põe como excluído para que o leproso seja reintegrado também ritualmente (“vai
mostrar-te ao sacerdote, lhe diz Jesus”). A impureza externa exclui. Jesus
reintegra. O salmo 31, belíssimo salmo penitencial, mostra a impureza interior
fruto do pecado. Este pecado, uma vez revelado a Deus, reintegra na intimidade
com Deus e com a comunidade que celebra. Como a lepra corrói a carne, o pecado
corrói o coração. Se por um lado o cuidado com a saúde de toda a comunidade
exige que se evite o contágio, por outro lado, a misericórdia de Jesus, vivida
na comunidade, não exclui ninguém a nenhum título. Podemos curar a todos.
Quando temos compaixão dos excluídos social e espiritualmente, há o milagre da
cura das impurezas. A Igreja é de portas abertas para todos. Não exclui
ninguém. Se o faz, ela se torna pecadora.
Entranhas de
misericórdia
Jesus, cheio de compaixão,
tocou o leproso e disse: “Eu quero, fica curado”! A palavra compaixão indica o
movimento do amor interno nas entranhas maternas. Esta palavra em hebraico –
rahamin – é reservada a Deus que ama e se comove, como uma mãe amorosa, pelos
Seus filhos. A compaixão de Jesus fá-lo passar para o lado do leproso e
fazer-se um com ele, colocando-se fora da sociedade e da assembléia, porque o
tocou. Essa compaixão é a santidade de Deus que toca a miséria. Não se
contamina, mas cura. Jesus, sem pensar em si, pensa na pessoa do leproso. A
Igreja, enquanto não passar para o lado do que sofre, radicalmente, ela não
evangeliza. O povo não se afastou de Jesus, pois todos vinham procurá-lo. Os
cristãos “puros” e “corretos” criticam fortemente as pessoas que se “sujam”
passando para o lado dos pobres e necessitados.. Perde-se a energia apostólica
se não os procuramos. Sempre há razões que justificam não procurá-los. Com as
entranhas de misericórdia, seguimos o caminho de Jesus
Procuro agradar a
todos
As entranhas de compaixão
existem em quem busca servir a Deus e aos outros. Paulo escreve: “Quer comais
quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de
Deus”. Tudo para agradar a Deus. O apóstolo completa: “Fazei como eu: que
procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim, mas
o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos”. Quem não gosta de uma
pessoa assim? Sempre é possível achar um jeito de agradar. Se todos querem
agradar a todos, o que se precisa mais? “Carregai os fardos uns dos outros e
cumprireis toda a lei”
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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