segunda-feira, 16 de março de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - Este é meu Filho amado

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A caminho com Jesus 
No início da Quaresma somos colocados diante de uma visão ampla de nossa fé e de nossa vida nova em Cristo. Como caminhamos para a Páscoa, é bom sabermos que caminhos fazemos no seguimento de Jesus. A narrativa evangélica, para que os discípulos não se assustassem com a Paixão de Cristo, mostra a dolorosa Paixão do Senhor e ao mesmo tempo Sua gloriosa Ressurreição. Esse método é usado pela liturgia para entendermos nossa vida cristã . Contemplamos no primeiro domingo a fragilidade de Jesus que sofre a tentação. Frágil, pois pode ser tentado, forte, pois venceu. “Ele foi tentado em tudo, como nós” (Hb 4,15). A tentação que sofreu faz-nos ver que somos fracos e podemos ser tentados. A celebração do 2º domingo, proclamando o evangelho da Transfiguração, traz-nos o consolo de perceber que nosso empenho em seguir Jesus no Seu caminho de Paixão conduz também à Ressurreição. Seguindo o caminho de Jesus, mesmo minados pela fragilidade, com Ele chegamos à Páscoa. Não há que temer quando somos tentados. Seguindo Jesus, vencemos com Ele. A tentação não pode tirar-nos a confiança, pois se formos tentados com Ele, nEle somos vencedores, explica Santo Agostinho. 
Transfiguração pela fé 
“Se Deus é por nós, quem será contra nós”? Escreve Paulo na carta aos Romanos 8,31. Esta confiança é a mesma que Jesus tem em Seu Pai. É a mesma confiança que encontramos em Abraão ao receber de Deus a provação: “Toma teu filho único, a quem tanto amas, [...] e oferece-o aí em sacrifício sobre o monte que Eu te indicar” (Gn 22,2). A narrativa do sacrifício de Isaac não é um acontecimento dramático, mas uma escola de fé e confiança em Deus. O caminho de Jesus é o mesmo: desapegou-se totalmente de si, entregou-se ao Pai, na certeza de Seu amor. Tudo foi difícil para Jesus, para Abraão e pode ser para nós. A narrativa da transfiguração está a mostrar o resultado da confiança e a perseverança durante a tentação. A fé sustenta e transfigura nossa vida. O fato de Jesus ter a Seu lado Elias e Moisés está a indicar que tudo se resume nEle, tanto a lei como os profetas. A fé em Jesus nos põe, mesmo com nossa fragilidade, em processo de transfiguração. Mesmo se houver trevas e não compreendermos o que está acontecendo, continuamos fiéis. Viver a Quaresma não é só fazer penitências, mas ouvir Jesus, o Filho amado do Pai, e assim caminhar para celebração da Ressurreição. 
Amados por Deus 
Deus foi realmente um poeta quando apresentou Seu Filho na transfiguração não como um potente inacessível, mas como um amor a ser participado: “Este é meu Filho amado! Ouvi o que Ele diz” (Mc 9,7). Toda a realidade de sofrimento, tentação, morte e ressurreição se resolvem no amor do Pai que doa o Filho. A razão de toda a revelação divina através do Filho, é o amor do Pai, como nos explica Paulo: “Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará tudo junto com Ele?” (Rm 8,32). Amor não é um sentimento bom e bonito, mas uma atitude de vida, um modo de viver. O Pai mostrou esta atitude dando o Filho. Nos o mostramos ouvindo, quer dizer, entregando-nos também a viver como Ele viveu para chegar à glória como Ele chegou. O caminho de transfiguração que fazemos na Quaresma, passa pela fé e pelo amor.

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