domingo, 8 de março de 2015

Homilia do 3º Domingo da Quaresma (08.03.15) “Pregamos Cristo crucificado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Templo purificado
            Nessa Quaresma estamos voltados para a reflexão e a renovação da aliança com Deus. Vimos a aliança de Deus com Noé, com Abraão, agora com Moisés. E veremos a aliança no exílio e a aliança que vai ser impressa no coração, proclamada por Jeremias. Partimos da chamada aliança da terra, com Noé, e vamos para a terra de Deus que é o coração humano. No Antigo Testamento a aliança era celebrada no templo. Depois de purificar esse templo, Jesus proclama que a Nova Aliança vai ser celebrada em sua Pessoa e no templo do coração. O templo era o coração do povo de Israel. Os profetas criticavam o culto por, muitas vezes, ser exterior e voltado para a exploração e injustiça. Não correspondia à aliança que Deus fizera com seu povo. Jesus não somente faz a faxina no templo, mas apresenta a mudança: Não mais em um lugar, mas em sua Pessoa e no coração. Ele é o novo Templo. Por isso, a celebração em templos vem em segundo lugar. Os coraçoes unido na comunidade formam o templo vivo. Os templos de barro, mármore ou ouro são a expressão da comunidade reunida. É um sinal. Por isso o primeiro empenho é construir a assembléia e, depois, uma casa propícia a essa celebração. Em todas as alianças Deus toma a iniciativa porque amou sempre. Por isso, sua vinda na encarnação é a expressão maior que Deus possa dar de Seu amor: “Deus tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho único; todo aquele que Nele crer há de ter a vida eterna” (Jo 2.15). O núcleo e finalidade de toda aliança com Deus é manifestar seu amor levado ao extremo, a ponto de dar seu Filho à morte. Somente assumindo esse amor é que poderemos prestar o culto digno. Precisamos purificar as Igrejas que trazem o nome de cristãs. Jesus, de vez em quando faz uma purificação, não contra as pessoas, mas contra os males que se criam nessas Igrejas.
A lei do Senhor é perfeita
            A aliança de Deus com Moisés nos deu os mandamentos. Mais que leis, são a expressão da aliança e como vivê-la. Estamos acostumados a ver os dez mandamentos escritos em duas pranchas de pedra. Uma delas se refere a um só Deus ao qual devemos amar, respeitar e santificar o seu dia. Para os cristãos este é o dia da Ressurreição, que é a segunda criação. A outra prancha refere-se ao próximo: respeito e atenção aos pais, respeitar e cuidar da vida, respeito à propriedade, valorizar a sexualidade, respeito ao próximo, mesmo por pensamentos e controlar nossa cobiça. É a síntese da vida e da obrigação que temos de assumir para viver em plenitude. Os mandamentos não são proibições, mas indicações do caminho a seguir. A aliança no sangue de Cristo exige de nós uma vida de completa obediência para que se instaure o mundo novo, o paraíso que nasce da obediência do mandamento do amor que é a lei da Nova Aliança.
Tempo de graça e salvação
            Rezamos no prefácio da missa: “Para renovar, na santidade, o coração de vossos filhos, instituístes este tempo de graça e salvação”.  Essa conversão nos dá o caminho: libertar do egoísmo e das paixões desordenadas (desobediência aos mandamentos), para superarmos as coisas da terra. A graça do sacramento da Eucaristia nos transforma: “Saciados na terra com o pão do Céu, nós Vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o sacramento realizou em nós” (Pós-Comunhão). A celebração da aliança é fortalecida pelos sacramentos que recebemos e com a obediência à Palavra, como Jesus fazia
Leituras: Êxodo 20,1-3.7-8.12-17;Salmo 18; 1Coríntios 1,22-25;João 2,13-25. 
1.     Deus fez alianças no correr da História da Salvação. Estas se desenvolveram até chegar à aliança feita no coração e até no sangue de Jesus. O templo era o coração do povo. Ali se celebrava a aliança. Jesus o purificou dando o sentido que o novo templo é Ele e acontece na comunidade e no coração. A casa é sinal do templo interior. O núcleo da nova aliança é o amor manifestado por Deus em Cristo. Somente assumindo esse amor podemos prestar um culto digno. 
2.    A aliança com Moisés deu-nos os mandamentos, expressão da aliança. Os três primeiros se referem a Deus e os outros sete à pessoa. Vivendo o amor a Deus, amaremos o irmão de coração respeitando todas as dimensões de sua vida. Os mandamentos são síntese da vida. A nova aliança exige obediência ao amor para criar o mundo novo. 
3.    O tempo da Quaresma nos traz a proposta para renovar pela conversão e pelos sacramentos. O caminho da conversão é libertar do egoísmo e das paixões desordenadas. A graça do sacramento nos transforma. 
            A lei do chicote 
            Jesus amava seu Pai e a casa de seu Pai. Ao entrar no templo, viu a confusão armada, pois uns iam para os compromissos religiosos e outros para explorar o povo. Ele fez um chicote e expulsou os exploradores do templo. Imaginemos que sua força foi tanta que não deu tempo para reação. Não queria que fizessem do templo uma casa de comércio.
            A aliança, vivida no relacionamento com Ele, deveria usar o templo para o encontro de aliança com Deus. Jesus pôs ordem. É preciso um jejum de tudo que impede essa aliança. Por isso temos os 10 mandamentos que não são leis de proibição, mas indicações de como viver plenamente.
            A lei do Senhor é perfeita, rezamos no salmo. O amor de Jesus por seu Pai e o zelo por sua casa vão ter como conseqüência sua morte.  Parece loucura. Não vamos renunciar sua loucura e continuarmos apresentando Cristo Crucificado.
            Jesus sabe que o homem tem no coração. Conhece também nosso coração que o ama. O chicote de Jesus não dói, ensina.


Nenhum comentário:

Postar um comentário