PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Templo
purificado
Nessa Quaresma
estamos voltados para a reflexão e a renovação da aliança com Deus. Vimos a
aliança de Deus com Noé, com Abraão, agora com Moisés. E veremos a aliança no
exílio e a aliança que vai ser impressa no coração, proclamada por Jeremias.
Partimos da chamada aliança da terra, com Noé, e vamos para a terra de Deus que
é o coração humano. No Antigo Testamento a aliança era celebrada no templo.
Depois de purificar esse templo, Jesus proclama que a Nova Aliança vai ser
celebrada em sua Pessoa e no templo do coração. O templo era o coração do povo
de Israel. Os profetas criticavam o culto por, muitas vezes, ser exterior e
voltado para a exploração e injustiça. Não correspondia à aliança que Deus
fizera com seu povo. Jesus não somente faz a faxina no templo, mas apresenta a
mudança: Não mais em um lugar, mas em sua Pessoa e no coração. Ele é o novo
Templo. Por isso, a celebração em templos vem em segundo lugar. Os coraçoes
unido na comunidade formam o templo vivo. Os templos de barro, mármore ou ouro
são a expressão da comunidade reunida. É um sinal. Por isso o primeiro empenho
é construir a assembléia e, depois, uma casa propícia a essa celebração. Em
todas as alianças Deus toma a iniciativa porque amou sempre. Por isso, sua
vinda na encarnação é a expressão maior que Deus possa dar de Seu amor: “Deus
tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho único; todo aquele que Nele crer há de
ter a vida eterna” (Jo 2.15). O núcleo e finalidade de toda
aliança com Deus é manifestar seu amor levado ao extremo, a ponto de dar seu
Filho à morte. Somente assumindo esse amor é que poderemos prestar o culto
digno. Precisamos purificar as Igrejas que trazem o nome de cristãs. Jesus, de
vez em quando faz uma purificação, não contra as pessoas, mas contra os males
que se criam nessas Igrejas.
A lei do Senhor
é perfeita
A aliança de
Deus com Moisés nos deu os mandamentos. Mais que leis, são a expressão da
aliança e como vivê-la. Estamos acostumados a ver os dez mandamentos escritos
em duas pranchas de pedra. Uma delas se refere a um só Deus ao qual devemos
amar, respeitar e santificar o seu dia. Para os cristãos este é o dia da Ressurreição,
que é a segunda criação. A outra prancha refere-se ao próximo: respeito e
atenção aos pais, respeitar e cuidar da vida, respeito à propriedade, valorizar
a sexualidade, respeito ao próximo, mesmo por pensamentos e controlar nossa
cobiça. É a síntese da vida e da obrigação que temos de assumir para viver em
plenitude. Os mandamentos não são proibições, mas indicações do caminho a
seguir. A aliança no sangue de Cristo exige de nós uma vida de completa
obediência para que se instaure o mundo novo, o paraíso que nasce da obediência
do mandamento do amor que é a lei da Nova Aliança.
Tempo de graça e
salvação
Rezamos no
prefácio da missa: “Para renovar, na santidade, o coração de vossos filhos,
instituístes este tempo de graça e salvação”.
Essa conversão nos dá o caminho: libertar do egoísmo e das paixões
desordenadas (desobediência aos mandamentos), para superarmos as coisas da
terra. A graça do sacramento da Eucaristia nos transforma: “Saciados na terra
com o pão do Céu, nós Vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o
sacramento realizou em nós” (Pós-Comunhão). A celebração da
aliança é fortalecida pelos sacramentos que recebemos e com a obediência à
Palavra, como Jesus fazia
Leituras: Êxodo 20,1-3.7-8.12-17;Salmo 18;
1Coríntios 1,22-25;João 2,13-25.
1.
Deus fez alianças no correr da História da
Salvação. Estas se desenvolveram até chegar à aliança feita no coração e até no
sangue de Jesus. O templo era o coração do povo. Ali se celebrava a aliança.
Jesus o purificou dando o sentido que o novo templo é Ele e acontece na
comunidade e no coração. A casa é sinal do templo interior. O núcleo da nova
aliança é o amor manifestado por Deus em Cristo. Somente assumindo esse amor
podemos prestar um culto digno.
2.
A
aliança com Moisés deu-nos os mandamentos, expressão da aliança. Os três
primeiros se referem a Deus e os outros sete à pessoa. Vivendo o amor a Deus,
amaremos o irmão de coração respeitando todas as dimensões de sua vida. Os
mandamentos são síntese da vida. A nova aliança exige obediência ao amor para
criar o mundo novo.
3.
O
tempo da Quaresma nos traz a proposta para renovar pela conversão e pelos
sacramentos. O caminho da conversão é libertar do egoísmo e das paixões
desordenadas. A graça do sacramento nos transforma.
A
lei do chicote
Jesus amava seu
Pai e a casa de seu Pai. Ao entrar no templo, viu a confusão armada, pois uns
iam para os compromissos religiosos e outros para explorar o povo. Ele fez um
chicote e expulsou os exploradores do templo. Imaginemos que sua força foi
tanta que não deu tempo para reação. Não queria que fizessem do templo uma casa
de comércio.
A aliança, vivida no relacionamento
com Ele, deveria usar o templo para o encontro de aliança com Deus. Jesus pôs
ordem. É preciso um jejum de tudo que impede essa aliança. Por isso temos os 10
mandamentos que não são leis de proibição, mas indicações de como viver
plenamente.
A lei do Senhor é perfeita, rezamos no
salmo. O amor de Jesus por seu Pai e o zelo por sua casa vão ter como
conseqüência sua morte. Parece loucura.
Não vamos renunciar sua loucura e continuarmos apresentando Cristo Crucificado.
Jesus sabe que o homem tem no
coração. Conhece também nosso coração que o ama. O chicote de Jesus não dói,
ensina.
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