Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai
é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não
sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á:
deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A
medida que usardes com os outros será usada também convosco».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
Os graus da humildade e do orgulho, §12
«Sede misericordiosos como o vosso Pai é
misericordioso»
Cristo tem duas naturezas numa só pessoa:
uma, segundo a qual é desde sempre; e outra, segundo a qual começou a ser no
tempo. De acordo com o seu ser eterno, Ele conhece todas as coisas desde sempre;
mas, enquanto nascido no tempo, aprendeu muitas coisas. Foi por isso que, quando
começou a ser no tempo, feito carne, começou a conhecer as misérias da carne, e
a conhecê-las segundo o tipo de conhecimento que vem da fraqueza da carne.
Teria sido mais favorável e mais sensato os nossos primeiros pais
não terem adquirido este conhecimento, porque para o adquirirem tiveram de
passar pela loucura e pelo infortúnio. Mas Deus, seu Criador, vindo em busca do
que estava perdido, teve piedade da sua obra e veio ao seu encontro:
misericordiosamente, desceu Ele próprio até onde eles estavam miseravelmente
caídos. Quis experimentar na sua própria pessoa o que eles sofriam por terem
agido contra Ele; não o fez, naturalmente, movido pela curiosidade, como eles,
mas por uma caridade admirável; não o fez para permanecer com eles na miséria,
mas para Se tornar misericordioso e os livrar da sua miséria.
Portanto, Cristo tornou-Se misericordioso, não com a misericórdia
que já tinha, na sua felicidade eterna, mas com aquela que encontrou nas nossas
vestes de carne, experimentando Ele próprio a miséria.
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