Evangelho segundo S. Marcos 1,40-45.
Naquele
tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: "Se
quiseres, podes curar-me". Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e
disse: "Quero: fica limpo". No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou
limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: Não digas
nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que
Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho. Ele, porém, logo que partiu,
começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia
entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham
ter com Ele de toda a parte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Rábano Mauro (c. 784-856), abade beneditino, bispo
Três livros para
Bonose, livro 3,4; PL 112, 1306
«Se quiseres, podes purificar-me.»
Não podes perder a confiança em Deus nem
desesperar da sua misericórdia; não quero que duvides nem que desesperes de te
tornares melhor: porque, mesmo que o demónio tenha conseguido precipitar-te dos
cumes da virtude até aos abismos do mal, muito mais Deus poderá chamar-te de
novo para o cume do bem, e não só reconduzir-te ao estado em que te encontravas
antes dessa queda, mas tornar-te muito mais feliz do que julgavas ser. Não
percas a coragem, suplico-te, não feches os olhos à esperança do bem, não te
aconteça o que acontece aos que não amam a Deus; porque não é o grande número de
pecados que leva a alma ao desespero, mas o desdém para com Deus. «É próprio dos
ímpios, diz o Sábio, desesperar da salvação e desdenhar dela quando caíram no
fundo do abismo do pecado» (Pr 18,3, Vulg).
Assim pois, todo o
pensamento que nos rouba a esperança da conversão provém da impiedade e, qual
pedra pesada que nos amarraram ao pescoço, força-nos a olhar para baixo, para a
terra, não permitindo que levantemos os olhos para o Senhor. Mas aquele que tem
um coração corajoso e um espírito esclarecido sabe soltar do pescoço esse peso
detestável. «Como os olhos do servo se fixam nas mãos do seu amo, e como os da
serva nas mãos da sua ama, assim os nossos olhos estão postos no Senhor nosso
Deus, até que tenha piedade de nós» (Sl 123,2-3)
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