PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A professorinha do meu catecismo
Lembro-me de modo particular de uma de minhas
catequistas: Dona Jandira Cordeiro, tia Bira, que preparou minha primeira
comunhão no dia 20 de maio de 1957. Um dia, voltando de férias para minha
cidade, tive a oportunidade bendita de celebrar, por acaso, sua missa de 7º
dia. Ela significou muito para mim. Que significa para nós ter recebido grande
parte de nossa formação religiosa de pessoas abnegadas e dedicadas que nos
deram os fundamentos da fé e da doutrina? Certo que muito veio do berço, mas a
formação mais estruturada ficou sendo a base. Quanto agradecemos a Deus estas
senhoras e senhores, tanto jovens como adultos, que nos transmitiram os rudimentos
da fé! É raro ver um pai ou uma mãe ir agradecer o catequista que cumpre uma
missão que lhes é devida. Acontece até de maltratarem as catequistas como pude
ver no ano passado, quando da primeira comunhão das crianças. E por pouca
coisa. Esta vocação continua a mesma missão de Jesus que acolhia as crianças e
sempre os tinha em meio aos seus ouvintes. Por isso podemos dizer que são
nossos mestres, isto é, ensinam a viver.
Ensinar é preciso.
Grande dom, ser um mestre. Temos muitos professores
e poucos mestres, como nos ensinava a professora Beatriz na faculdade. Ela é
uma destas que são mestres. Mestre ensina a viver. Em uma classe de catecismo
de um grupo de adolescentes meio ferozes, a catequista, apesar de ser grande,
se via pequena. No final do ano, os alunos sentem pena de não tê-la mais como
professora, pois terminava sua catequese. Mas por que? Pergunta a catequista.
Porque Tia Carmela não tem medo de dizer a verdade sobre a vida e a Igreja.
Somos convocados por Deus a ensinar com a vida. Precisamos de tantos
catequistas, mas, que sejam mestres que ensinem com a vida. Todos são bons e
santas pessoas, mas é preciso ir além do texto e deixar falar a vida. Uma linha
de vida vale uma biblioteca de livros, porque ela não vai só à inteligência,
mas vai também ao coração. A grande sabedoria do mestre é deixar cada aluno,
aprendido o básico, criar sua vida a seu modo, tornar-se ele mesmo, um mestre.
Não sei o que D. Jandira me falava, mas ela era o livro a ser lido. Aqueles
adolescentes, barra pesada, vão crescer na vida e serão grandes homens porque
no momento de sua formação foram marcados por uma grande mestra da verdade, a
tia Carmela, grande como tantos outros e outras cujos nomes estão escritos no
Céus.
Minha avó me ensinou.
A família é a primeira escola de fé. No ano passado,
em Tietê também, tínhamos mais de 1000 crianças na catequese. Um belo dia chega
uma família apresentando a filha para a primeira comunhão. Ela não estava
seguido as aulas com os outros. Mas por que não? - Lá em casa, nós é que damos
o catecismo. Vovó ensinou mamãe e agora ensinou a neta. A família é a primeira
responsável. A catequese é suplência. Que bom se cada casa fosse uma sala de
catecismo, ao menos do básico: aprender a rezar, aprender a viver e aprender a
ser o homem e mulher cristãos de amanhã. Deus lhes pague queridas mestras e
queridos mestres na fé. Quem salva uma alma tem a sua garantida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário