Cada semana refletimos um aspecto da festa da Páscoa. Nem sempre, na celebração, percebemos o que significam os ritos celebrados na Noite Pascal. O cerimonial da Vigília Pascal foi preparado para a celebração do batismo dos catecúmenos. Catecúmeno é aquele que durante toda a quaresma fizera sua preparação imediata para ser batizado. O rito batismal assumiu traços dos ritos de purificação do tempo. O rito não é uma purificação exterior, mas um encontro com Deus que purifica e salva. Os essênios tinham ritos de purificação como preparação para a vinda do Messias. O rito batismal é realizado na Páscoa por sua íntima união com Cristo. O batismo, mais que um rito, é o sacramento no qual participamos do Mistério Pascal de Cristo e assumimos em nós sua Morte e Ressurreição. Paulo escreve: “Fostes sepultados com Ele no Batismo; Nele também ressuscitastes, pela fé no poder de Deus que o ressuscitou dos mortos... morrestes e vossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl 2,12;3m3). Através da fé e os símbolos sacramentais realizados pela Igreja, acontece a morte ao pecado e a ressurreição para a vida nova através de Cristo em Deus. Compreendemos os ensinamentos através das leituras e dos ritos sacramentais. São simbólicos, pois mostram o que Deus realiza em nós. O próprio rito de imergir na água, pois batizar significa mergulhar na água, simboliza a morte e a ressurreição. Somos configurados com Cristo e nos revestimos Dele, não como uma veste, mas como uma vida. Nós nos tornamos filhos de Deus, pois unidos a Cristo e com Ele vivendo, somos acolhidos pelo Pai como acolhe o Filho. Ele participou de nossa natureza e agora participamos da sua. A importância não está na quantidade de água, mas na imensidão da graça em que somos mergulhados. Podemos realizar deste modo, derramando a água, o que não tira o valor da forma de aspersão.
Uma história a ser lida
Para preparar a celebração do batismo, os catecúmenos tinham diversos ritos que já eram o batismo, como a apresentação do nome, a entrega da profissão de fé, do Pai Nosso. Era a última catequese. Era feita na comunidade. Nas vésperas da Páscoa, faziam jejum. À noite, os catecúmenos eram reunidos no batistério, local separado da Igreja, próprio para os batismos. A comunidade permanecia reunida na Igreja com leitura e cantos. Ao canto do galo, iniciavam os batismos com um ritual muito rico. No momento do batismo eram ungidos com óleo e depois mergulhados na água com as três negações e com as três profissões de fé. Os adultos respondiam por si e os pais respondiam pelas crianças. Havia batismo de crianças desde o início da Igreja. Em seguida eram ungidos na testa com óleo do Crisma e ingressavam na Igreja ao momento da Eucarística para participaram do Corpo e sangue do Senhor, vivendo numa comunidade. Pena que hoje muitos fogem do batismo comunitário. Não entenderam nada.
Renovando nosso coração
O batismo não é só um rito, mas uma vida que acontece em nós. Infelizmente alguns só buscam realizar um rito tradicional que precisa ser feito a todo custo. Mas não estão interessados na coerência de fé com o sacramento celebrado. Como cuidamos da saúde física, devemos também cuidar da saúde espiritual. Esta exige de nós mais interesse e empenho para conduzir nossa vida e dos filhos a viver sempre como filhos de Deus e irmãos. Celebrando a Páscoa, renovamos nossa disposição de assumir mais a fé que nos foi transmitida para ser desenvolvida.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2012
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