Os saduceus haviam colocado a questão política do imposto pago aos romanos. Os fariseus colocaram Jesus em um dilema sobre o fundamento primeiro de toda a Lei de Deus. Tocava a raiz da fé. Queriam pegar Jesus em um erro de doutrina. Os fariseus tinham autoridade e prestígio entre o povo. Depois da destruição do templo (380 AC), eles mantiveram a fé do povo. Queriam saber a opinião de Jesus sobre qual era o mandamento mais importante. Ele responde com o texto que os judeus rezavam três vezes ao dia tirado de Deuteronômio 6,4-9: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. “Esse é o maior e o primeiro mandamento” (Mt 22,37-38). Jesus acrescenta: “O segundo é igual ao primeiro: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (39). E acrescenta: “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (40). Com as palavras Leis e profetas Jesus indica totalidade. O fundamento está nos dois mandamentos. O segundo está no livro do Levítico 19,18. Podemos entender por esse mandamento a segunda tábua da Lei, os que se referem ao próximo. Jesus acentua que o seu mandamento é o amor ao próximo: “Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34). Ao dizer semelhante diz igual Tem a mesma substância. João, em sua carta, explica a grandeza do amor ao próximo (1Jo 4,7-21). E Jesus acrescenta que tem que ser um amor como Ele amou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Amor envolve a pessoa toda. Não há amor a Deus e aos outros se não for total, de coração, alma e inteligência. Amar a Deus é amar o que Ele pede: “Dai-nos amar o que nos ordenais” (oração).
Carinho de Deus
O primeiro é igual ao segundo. Jesus não tencionava dar leis novas, mas cumprir o fundamental. Deus, no Antigo Testamento, se coloca ao lado do pobre, considerando-se seu advogado e responsável primeiro (Pr 23,10-11). Vemos os pontos em que a lei mostrava a grandiosidade da atenção de Deus para com os necessitados e o quanto Deus quer que continuemos este cuidado. A leitura de Êxodo chega ao ponto se de preocupar com o manto dado em penhor. Deve ser devolvido antes do por do sol, pois o dono pode passar frio de noite (Ex. 22,25-26). Deus se preocupa com as viúvas e os órfãos desprotegidos. Deus escuta seus lamentos. Não se trata de algo social, mas está unido ao fundamento da fé. Por isso Tiago ensina que a fé, sem obras é morta (Tg 2,17). O salmo nos leva a rezar que Deus é nosso refúgio e salvação (Sl 17).
Amor de evangelização
A fé sem amor e a religião sem conteúdo são um risco muito grande. Paulo evangelizou os tessalonicenses e foi para eles um modelo. Estes acolheram a Palavra e se tornaram modelo para toda a Igreja tanto pela vida como pelo anúncio da Palavra. É assim que acontece quando sabemos amar a Deus e ao próximo. O resultado é a evangelização. Às vezes fundamentamos nossa fé em regrinhas e não no amor. Santo Afonso diz que toda santidade consiste em amar Jesus Cristo. Podemos perceber que nossas celebrações nem sempre nos satisfazem. São vazias, porque somos falhos no amor ao próximo. Culto sem caridade é inútil. Estamos correndo o risco de voltar à liturgia ritualista sem referência à vida. Esse culto torna-se como um pagão. Só rito.
Leituras: Êxodo 22,20-26;Salmo 17;
1 Tessalonicenses 1,5c-10;Mateus 22,34-40.
1. Os fariseus colocam Jesus diante da questão: qual é o fundamento da religião? Jesus afirma que é o amor a Deus e ao próximo em igualdade. Jesus dá um novo mandamento que é a síntese de tudo.
2. O livro do Êxodo explicita que o amor ao próximo, tem conseqüências práticas na vida dos pobres e sofredores. Deus tem cuidado carinhoso para com os pobres. Ele é seu defensor.
3. Paulo diz que os tessalonicenses acolheram a Palavra e se tornaram modelo para toda a Igreja pela vida e pela Palavra. É isso que acontece quando amamos a Deus e ao próximo. O resultado será sempre a evangelização. Para bem celebrar é preciso ter coerência de vida no amor.
Amando com as mãos.
Jesus entupira os políticos que queriam envolvê-lo. Agora é a vez dos teólogos, os entendidos em religião. Perguntam qual era o maior mandamento. Isso dava o tom para todo o ensinamento de Jesus. Os judeus tinham muitas leis. Qual era a fundamental?
Jesus responde com as palavras da bíblia: Tudo se resume na lei do amor: O primeiro mandamento, e que dá o sentido a todos, é amar a Deus. Jesus acrescenta o segundo que é a prova do primeiro: amar o próximo. A primeira leitura explica como se ama o próximo. Não só com palavra, mas com ação. Esse negócio de muita religião e pouca caridade é religião falsa. Não adianta dizer amém, amém, se não respondo com a vida.
Se amo Deus, amo o próximo com tudo o que sou. A tendência religiosa do mundo é ter religião. Mas não vai à prática. Então é pagão. Não basta só a fé em Jesus. Jesus salva, mas se pusermos em ação o amor, como a Bíblia ensina em Êxodo 22,20-26.
Homilia do 30º Domingo Comum (23.10.2011)
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