sábado, 12 de agosto de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Administrando os bens do Reino”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Administração e justiça
 
No caminho para Jerusalém Jesus ensina seus discípulos a bem viver no meio das realidades da vida. Lucas não só narra fatos da vida de Jesus, mas indica caminhos para a comunidade. A questão hoje é a honestidade quanto aos bens temporais e o valor que estes bens têm na vida das pessoas. Jesus conta uma parábola para refletir sobre o novo modo de vivê-los no Reino de Deus. Um administrador é acusado de esbanjar os bens de seu patrão. Ao ver-se demitido, procura apoio entre outros empresários modificando o pagamento que deveriam fazer ao patrão, captando sua benevolência. Não agiu mal. Dispensa a parte que caberia a si. O patrão o elogia por ser esperto. Jesus diz que “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz” (Lc 16,8) quando usam os bens materiais. A esperteza dos filhos da luz seria usar os bens materiais para conquistar para a vida eterna. Jesus encerra a parábola com as palavras: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Na língua original usa o termo (mammona). Esta palavra fenícia, que significa segurança e estabilidade econômica, sucesso e esplendor de vida refere-se ao dinheiro como ao deus Mamon. Jesus ensina usar os bens materiais para fazer o bem, construir as pessoas, administrando os bens do Reino de Deus. O cristão não pode servir a dois senhores. O coração dividido leva à ruína. O cristão é chamado a viver na sociedade com justiça, fidelidade às leis e exatidão nas contas. Pois, se não é capaz de ser correto no uso dos bens materiais, que Ele chama de bens injustos, como lhe confiar os tesouros de Deus. Vivemos num mundo de problemas nesta área. Para superar estes problemas necessitamos “da oração e das preces por todos, pelos governantes, para que possamos levar uma vida tranquila e serena, com piedade e dignidade” (1Tm 2,1-2). O cristão deve ser o melhor cidadão. 
Levanta do pó o indigente 
A primeira leitura é um retrato da ganância e da falta de consciência do mandamento de Deus que já existia no tempo do Amós, no século 8º A.C.. Amós, que é profeta por vocação e não para ganhar dinheiro, vive uma situação difícil pregando a Palavra de Deus sofrendo a rejeição. Havia no Reino de Israel opressão, corrupção e exploração dos pobres. Chegam a “dominar os pobres com dinheiro e os humildes com o par de sandálias e para por à venda até o refugo do trigo” (Am 8,6). Esses males provocam sofrimentos. A vida vazia e cheia de males necessita de purificação. Deus é modelo de nossas atitudes para com os necessitados. “Ele levanta do pó o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho” (Sl 112). 
Fiel nas pequenas coisas 
Paulo diz que “Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Essa salvação não é somente algo espiritual, mas a transformação das estruturas da sociedade, de modo particular, no uso dos bens que são para todos. O profeta alerta para o compromisso que temos para com Deus. Esse compromisso vai até às pequenas coisas: “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, quem é injusto nas pequenas, também será injusto nas grandes” (Lc 16,10). O coração indiviso pode provocar as transformações que o mundo necessita. A Eucaristia ensina a partilha. Ela nos instrui pela Palavra e nos exercita na comunhão do mesmo pão a sermos fraternos. 
Leituras:Amós 8,4-7;Salmo 112;1 
Timóteo 2,1-8; Lucas 16,01-13. 
1. Jesus instrui seus discípulos sobre os bens materiais e o valor que estes bens têm na vida das pessoas. Conta a história de um administrador que vai ser despedido. Usa seu direito e compra a benevolência de outros senhores. É louvado por isso. Jesus diz que os filhos das trevas sabem usar os bens materiais enquanto os filhos da luz não sabem usá-los para um bem maior. O cristão não pode servir dois senhores. É chamado a viver com justiça e fidelidade. O uso dos bens é para o serviço fraterno e para ser bom cidadão. 
2. No século VIII, o profeta Amós encontra uma grande mordomia dos ricos e uma exploração selvagem que provocam sofrimentos ao povo, de modo particular aos pobres. Deus é modelo de nossas atitudes para com os necessitados. 
3. Paulo, dizendo que Deus quer que todos sejam salvos estimula à transformação das estruturas da sociedade, de modo particular no uso dos bens. É um compromisso que temos com Deus que vai até às pequenas coisas. O coração indiviso pode provocar as transformações. A eucaristia é o lugar de aprender como viver na partilha. 
Cristão não pode ser lerdo 
Jesus contou uma parábola de um administrador que foi esperto e soube usar de suas possibilidades para se arrumar na vida. Não foi trapaceiro, como parece, mas esperto. Lucas quer, com esta parábola, ensinar que os bens materiais têm valor quando compram o céu. Não como fazem alguns como vender lotes no céu. O Céu se compra com a justiça, como mostra o profeta Oséias, criticando os exploradores do povo. Jesus mostra que devemos usar o dinheiro (que é o esterco do diabo) para fazer a caridade e a justiça. Assim vamos ser mais espertos que os filhos das trevas. O bom uso do dinheiro que Jesus chama de injusto, com justiça e fidelidade aos princípios é um bom motivo para Deus nos confiar os bens celestes. 
Homilia do 25º Domingo Comum (19.09.2010)

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