quinta-feira, 20 de julho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Coração Eucarístico de Jesus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Amor de Jesus na Eucaristia
S. Paulo escreveu: “Grande é o mistério da piedade: Ele foi manifestado na carne, justificado no Espírito, contemplado pelos anjos, proclamado às nações, crido no mundo, exaltado na glória (1Tm 3,16). Nossa piedade se baseia em Cristo. A devoção ao Coração Eucarístico de Jesus provém dos meados do século XIX e se desenvolveu, tendo se silenciado já há um tempo. Alguns Institutos a conservam. Pio XII, na encíclica “Haurietis aquas” (Buscareis as águas), promoveu essa devoção com estas palavras: “Não será fácil compreender a força do amor que levou Jesus Cristo a dar-se a nós como alimento espiritual, se não se fomenta de modo especial o culto ao Coração Eucarístico de Jesus”. Este culto não difere do culto que a Igreja tributa ao Sagrado Coração de Jesus. Ela venera com respeito, amor e gratidão, o símbolo do amor supremo pelo qual Jesus Cristo instituiu o sacramento da Eucaristia, para permanecer conosco. Com todo o direito, há de ser venerado com culto especial esse adorável desígnio do Coração de Cristo, demonstração suprema de seu amor”. Bento XV aprovou a devoção ao Coração Eucarístico de Jesus que nos dá a Santíssima Eucaristia. O que me leva a retomar este tema é lembrar que a devoção ao Sagrado Coração não é voltada para os benefícios que teremos, mas sim para ir ao mistério profundo do amor de Cristo. É o culto em seu sentido puro: estar voltado para Deus amando o Amor que se doou. Refletimos com Paulo: “Tereis assim a capacidade de compreender com todos os santos qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e de conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento” (Ef 3,19). 
Doçuras do amor 
Rezamos na coleta da missa do Coração Eucarístico: “Senhor Jesus Cristo, que para derramar sobre os homens as riquezas de vosso amor, instituístes a Eucaristia e o sacerdócio, concedei-nos amar ardentemente vosso Coração e usar dignamente vossos dons”. Quem tem fé, descobre o amor, como interpreta Jeremias: “Com amor eterno eu te amei; por isso, compadecido, te atraí” (Jr 31,3). Este momento nos convida a entrar nas inenarráveis doçuras do amor (Innenarrabile dilectionis dulcedine). Somente aqui podemos aquilatar o quanto conhecemos da Eucaristia: o prazer de amar aquele que por amor se faz presente na Eucaristia. Este amor de profundo desapego de si, deixa-se cativar e envolver pelas malhas do amor de Cristo que se entregou. Quanto seria diferente nossa vida se tívessemos este amor que amando podéssemos aprender o amor que se doa e acolhe. 
No fogo do amor 
Temos ritos, celebrações, símbolos, mas falta o conteúdo o amor de louvor e agradecimento pelo amor demonstrado em se dar. Rezamos: “Senhor Jesus, que concedeis a vossa Igreja celebrar estes mistérios, para que ela mesma se ofereça junto convosco como hóstia santa, inflamai nossos corações com o fogo de vosso amor”(oferendas). Jesus se expressara: “Vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49). É este fogo que quer acender em nós com o amor de seu Coração presente na Eucaristia. Quando o recebemos partilhamos deste amor e o distribuimos. Cada Eucaristia que celebramos ou os momentos em que adoramos estamos agradecendo: “Elevo o cálice de minha salvação... Por isso oferto um sacrificio de louvor” (Sl 115,4.8). Se este fogo não se acende em nós, quão frio será o mundo!
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JUNHO DE 2010

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