segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Não-violência”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
A força da não-violência
 
Ser pacífico é uma virtude; ser violento é um vício. A não-violência é uma virtude muito querida. O grande salto que o cristianismo provoca no mundo é a vontade de romper com a violência pela cultura da Paz. É resultado da evangelização sem fronteiras nem sectarismo. O importante não é trazer gente para a minha Igreja, mas fazer com que o Evangelho chegue a todas as pessoas e penetre as instituições. Promover a paz é fruto da fé em Jesus. “A mensagem cristã do poder libertador e salvador do amor radical desmascara a tentação diabólica da violência, do ódio e da inimizade” (Pe. Häring). Jesus é o protótipo da não-violência. Em sua Paixão e Morte tão violentas, permanece no silêncio pacífico, sem revolta, perdoando os inimigos: “Ele que, quando o insultavam não insultava, e sofrendo não ameaçava” (1Pd 2,23). Seu ensinamento sobre o amor chega ao amor ao inimigo: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau... Amai vossos inimigos”. Assim seremos perfeitos como é perfeito o Pai do Céu que faz chover sobre justos e injustos”. Jesus apresenta diversos modos de responder à violência com a não-violência (Mt 5,38-48). O amor rejeita o recurso à violência. Os que fizeram a guerra, perderam a paz. Violência não são só as guerras. Ela atinge as famílias, os relacionamentos entre as pessoas, as instituições (quanta opressão!), o lar, as escolas, o trabalho, o trânsito, os jogos etc... A resposta à violência não pode ser a violência. O resultado seria o aumento do espiral de violência. 
Construir a paz 
A paz se constrói com o coração e com as mãos. Os que lutaram pela paz optaram pela não-violência, mas com persistência e firmeza diante dos obstáculos, mesmo a custa da vida, como no caso de Luther King. Sonhou, bateu-se pelos direitos dos negros e não praticou a violência. A maior liberdade do homem é ser livre em suas idéias e dono de si, não se deixando dominar pelos sentimentos de ódio. A não-violência é um caminho seguro para se conseguir a paz. Ela produz seu fruto, mesmo que não o vejamos. Gandhi, Lincoln e L. King sonharam. Barak Obama, presidente dos Estados Unidos, é o fruto de quem acreditou na não-violência. A paz se constrói. Essa virtude ensina-nos também a respeitar culturas diferentes, religiões diferentes, políticas diferentes. Ela é a garantia da sobrevivência do mundo. O egoísmo é gerador de violência. Perdão e reconciliação são as armas para gerar a paz. Os que promoveram a paz, na justiça, na solidariedade, no desapego, no amor, marcaram o mundo. São Francisco e Gandhi são um exemplo.
Esperança que move 
Ninguém pode afogar a flor da paz. A pomba que Noé soltou, trouxe o ramo de oliveira que se tornou símbolo da paz entre Deus e a humanidade. Deus não quer mais prejudicar a terra. A esperança é uma âncora jogada no futuro. Ela nos estimula a ter coragem de enfrentar a luta pela paz sem precisar da guerra. Deus nos deu a garantia de que os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). Tem o jeito do Pai que ama e constrói a paz. Não-violência é prova do amor. Ou cremos em Jesus ou continuamos construindo um mundo sem solução. A não-violência é o diploma que recebemos de nossa maturidade humana e espiritual. É um amor conquistado.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2009

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