quinta-feira, 11 de agosto de 2022

SUZANA DA DALMÁCIA Virgem, Mártir, Santa + 293

Sob o assoalho actual da igreja estão as ruínas de uma casa romana construída por volta do ano 280. Suzana e Gabínio eram parentes do general Gaio Aurélio Diocleciano, que se tornaria imperador em 284. Tal qual o imperador, eles eram naturais da Dalmácia (hoje, Croácia). A família era formada por quatro irmãos. Caio e Gabínio – e a filha de Gabínio, Suzana – que viviam nesta casa, dois outros irmãos, Máximo e Cláudio, que viviam em outra parte da cidade, e faziam parte do governo romano. As crenças religiosas da família eram divididas. Caio, Gabínio e Suzana eram cristãos, enquanto Máximo e Cláudio continuaram seguidores da antiga religião de Roma. Caio e Gabínio não eram somente cristãos; eram padres. Em Dezembro de 283, Caio foi eleito bispo de Roma, e serviria como Papa até sua morte, em Abril de 296. Se o clero romano tivesse elegido Caio por causa do seu relacionamento com seu poderoso primo, Diocleciano, ficaria extremamente decepcionado, já que em 303 o imperador Diocleciano empreenderia a última grande perseguição à fé cristã. De 280, quando a construção da casa foi terminada até 293, a casa dessa família serviu como uma “domus ecclesia”, ou igreja doméstica. Como a Igreja Cristã não era legalmente reconhecida pelo estado romano, casas e construções particulares, pertencentes aos membros da comunidade, eram usadas como as primeiras igrejas. Depois de se tornar imperador em 284, e a fim de assegurar a paz e a estabilidade, Diocleciano adoptou uma forma de governo denominada tetrarquia ou governo dividido. Diocleciano governou principalmente o leste, e um imperador conjunto, Maximiano, um general que Diocleciano havia promovido, governou o oeste. Por sua vez, cada imperador ou “Augusto” deveria indicar um governador menor, ou “César”, que teria o direito de sucedê-lo. Maximiano nomeou Constâncio (pai de Constantino), e Diocleciano nomeou Maxêncio Galério. No ano 293, a fim de garantir a sucessão de Maxêncio, Diocleciano planejou introduzir esse jovem general em sua família próxima, por meio de um casamento. A filha de Diocleciano, Valéria, já era casada. A única jovem solteira na família era Suzanna, sua prima. Assim, na primavera de 293, Diocleciano anunciou o noivado de Maxêncio Galério e Suzana, fato que conduziria a família a uma crise familiar e ao martírio. A história do que ocorreu entre os membros da família vem de um relato do século VI. Suzana recusou a proposta de casamento. Seu pai, Gabínio, e seu tio, Caio, apoiaram sua decisão e encorajaram-na a manter seu compromisso com Cristo. Seus tios não cristãos, Cláudio e Máximo, tentaram persuadir Suzana a se casar com Maxêncio, já que isso a transformaria em imperatriz algum dia. Em uma conversa entre os quatro irmãos, Cláudio e Máximo se converteram ao cristianismo. O general Maxêncio, então, foi à casa de Suzana, acreditando que pudesse persuadi-la a se casar com ele. A recusa de Suzana logo levou a suspeita de que ela e outros membros de sua família poderiam ser cristãos. O cônsul romano, Macedónio, chamou então Suzana ao Fórum Romano e solicitou que ela provasse a sua lealdade ao estado, executando um ato de adoração ante o deus Júpiter. A sua recusa confirma o facto de que ela e os outros membros de sua família poderiam ser cristãos. No entanto, não houve tentativa de prendê-la, por ser ela membro da família do imperador. Suzana recusou a proposta de casamento não somente porque era cristã, mas também porque havia tomado o voto de virgindade. Quando Diocleciano, na fronteira oriental, tomou conhecimento da recusa de sua prima e as suas razões, ficou profundamente irado e ordenou a sua execução. Um pelotão de soldados foi à sua casa e ela foi decapitada. Seu pai Gabínio foi preso e passou fome até morrer na prisão. Máximo e Cláudio, juntamente com a esposa de Cláudio, Prepedigna, e seus filhos, Alexandre e Cuzia foram todos martirizados. Ironicamente, o único sobrevivente foi o Papa Caio, que conseguiu escapar e esconder-se nas catacumbas. Estes assassinatos dentro da própria família de Diocleciano prenunciariam a última grande perseguição à igreja cristã, iniciada pelo imperador no ano 303. Valéria, a filha de Diocleciano divorciou-se, e em Junho de 293 desposou Maxêncio, que sucederia Diocleciano em 305. No ano 330 foi construída uma basílica sobre o local da casa de Suzana. Foi primeiramente denominada São Caio em honra do Papa que lá havia residido. Os corpos de Gabínio e Suzana foram trazidos das catacumbas e enterrados dentro da igreja. No ano 590, o Papa São Gregório, o Grande, em reconhecimento ao culto devocional que havia crescido ao redor da tumba de Santa Suzana, renomeou a igreja em sua honra. 

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