terça-feira, 16 de agosto de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu sou o bom Pastor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Minhas ovelhas escutam minha voz
 
Jesus afirma: Eu sou o bom Pastor. A afirmação EU SOU é o nome que Deus dá a Si mesmo quando fala com Moisés no alto do monte Horeb. A manifestação de Deus tinha como objetivo a salvação do povo. Jesus, ao afirmar EU SOU o bom Pastor, retoma esse pensamento amoroso de Deus que quer salvar, sobretudo unindo-se aos seus pelos laços do amor. O povo de Deus é sua propriedade. Por isso Jesus diz: “Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão e ninguém vai arrancá-las de minhas mãos”. Não se trata de uma propriedade na base do poder, mas de uma união de vida, como o Filho é unido ao Pai (Jo 10,30). O Pai cuidou de seu Filho depois de sua morte, ressuscitando-O, e O constituiu Senhor. Para Jesus, esse termo Senhor não Lhe tira o carinho de ser Pastor, pois Ele deu sua vida por suas ovelhas. Depois da Ressurreição temos a leitura desse evangelho que expressa a missão de Cristo junto ao Pai: ser condutor do povo, suas ovelhas. Assim escreve João no Apocalipse: “Porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida” (Ap 7,17). Estabelece-se entre Pastor e ovelhas um relacionamento de conhecimento e obediência. Jesus diz: “As minhas ovelhas escutam minha voz, Eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27). Escutar e seguir, unidos ao verbo conhecer, é um movimento que realiza a intimidade dessa maneira de ser: unidos a Cristo, como Ele é unido ao Pai. O conhecimento de que fala João não é somente um saber quem é, mas unir-se à vida de quem se conhece. Esse verbo expressa o conhecimento íntimo que abre à vida um ao outro. “O pastor defende as ovelhas, pois lhe foram dadas pelo Pai e ninguém as arrebata das mãos do Pai” (29). Assim é a vida da comunidade com seu Redentor. 
Lavaram as vestes no sangue do Cordeiro 
O livro do Apocalipse 7,9.14b-17, traz uma das características mais importante da comunidade primitiva: a celebração do culto a Deus. Esse culto, os cristãos o iniciaram sobretudo vencendo a tribulação (perseguição) lavando suas vestes no sangue do Cordeiro (14b). Sua vitória, lavada no próprio sangue, une-os à vitória de Cristo que os conduz. A comunidade continua sua batalha pela fé, como nos explicará João dizendo: “É necessário que continues ainda a profetizar contra muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10,11), mesmo que haja o amargor das consequências de crer na Palavra. Cada celebração da comunidade é uma certeza da vitória e uma garantia da presença de Jesus, o Cordeiro. 
O pregador perseguido 
Os dois apóstolos Paulo e Barnabé fazem suas caminhadas apostólicas. Acreditaram na força da Palavra e implantaram as comunidades às quais exortavam a “continuarem fiéis à graça de Deus”. Paulo prega aos judeus em primeiro lugar. Ao receberem a recusa, pregam aos pagãos que se alegram por terem sido escolhidos para a fé. O apóstolo é perseguido por causa da Palavra. Como recusaram Jesus, agora recusam os apóstolos. Paulo e Barnabé sentem-se confortados pelas promessas de Jesus a eles: “Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13,47). Não se sentem desanimados por causa das perseguições. Mulheres piedosas foram atiçadas a perseguir os dois apóstolos. Não basta a piedade para ser bom. É preciso a fé. Só a fé suporta as tribulações e dá as alegrias do Espírito Santo. A Igreja precisa sempre de apóstolos renovados pelo Espírito. 
Leituras: Atos 13,14.43-52; Salmo 99; Apocalipse 7,9.14b-17; João 10,27-30. 
1. Jesus afirma: Eu sou o bom Pastor. Dizer EU SOU, O faz igual a Deus que se manifesta libertador no Monte Horeb. Continua o modo de ser amoroso de Deus. O povo de Deus é sua propriedade pela qual Ele dá a vida. Deus, ressuscitando Jesus dá-lhe seu povo para que seja condutor às águas da Vida. Entre Ele e as ovelhas há uma unidade de conhecimento de amor como entre Ele e o Pai. Ele defende as ovelhas. 
2. O culto a Deus é uma característica da comunidade. Esse culto eles o iniciaram vencendo a tribulação (perseguição). Sua vitória os une ao Cordeiro que os conduz. 
3. Paulo e Barnabé fazem suas caminhadas apostólicas. Acreditaram na Palavra implantaram comunidades. Primeiro anunciam aos Judeus. Diante da recusa destes, passam aos pagãos que se alegram. Paulo e Barnabé sentem-se apoiados pela escolha divina. São animados pelo Espírito que os conforta e alegra. 
4. Com esse número completamos 600 textos de Refletindo a Palavra. Agradeço a Deus e a cada um que colabora com seu acolhimento. 
Costas quentes 
Jesus garante que conhece suas ovelhas, nós. Mais ainda. Não só conhece, como dá vida e segurança. “Ninguém vai arrancá-las de minhas mãos”. Não só Ele garante, mas o Pai também, pois as ovelhas são Suas. Nós pertencemos ao Pai. E Jesus é um com o Pai. Por isso Paulo pregava com tanto desassombro. Sabia que era garantido por Jesus e pelo Pai. O livro do Apocalipse afirma que “não mais terão fome nem sede”. Os que seguem Jesus estão com as costas quentes. Tem um belo segurança. 
Homilia do 4º Domingo da Páscoa
EM ABRIL DE 2007

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