Vivo após o martírio
Ocorre então o martírio de São João, que é comemorado no dia 6 de maio. O Imperador Domiciano o prendeu e o levou à Roma. Na Cidade Eterna, ele foi flagelado e colocado num caldeirão de azeite fervendo. Mas o Apóstolo Virgem saiu dele rejuvenescido e sem sofrer dano algum. Domiciano, espantado com o grande milagre, não ousou atentar uma segunda vez contra ele, mas o desterrou para a ilha de Patmos, que era pouco mais do que um rochedo. Foi ali, segundo a Tradição, que São João escreveu o mais profético dos livros das Sagradas Escrituras, o Apocalipse.
Após a morte de Domiciano, o Apóstolo voltou a Éfeso. É lá que, segundo vários Padres e Doutores da Igreja, para combater as doutrinas nascentes de Cerinto e de Ebion – que negavam a natureza divina de Cristo- ele escreveu seu Evangelho 4. Ordenou antes, a todos os fiéis, um jejum que ele mesmo observou rigorosamente, para em seguida ditar a seu discípulo Prócoro, no alto de uma montanha, o monumento que é seu Evangelho. Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele o começa de uma altura sublime: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus”.
Esse Evangelho, dos mais sublimes textos jamais escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que figura no ordinário da Missa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém.
Segundo São João Crisóstomo, os próprios Anjos aí aprenderam coisas que não sabiam. São João escreveu também três Epístolas, sempre visando estabelecer a verdadeira doutrina contra erros incipientes que se infiltravam na Igreja.
Segundo uma tradição, o discípulo que Jesus amava teria morrido em Éfeso, provavelmente em 27 de dezembro do ano 101 ou 102.
Mas alguns exegetas levantam a hipótese dele não ter falecido, com base na seguinte passagem do Evangelho: “logo após a pesca milagrosa no lago de Tiberíades – depois da Ressurreição de Jesus- , Nosso Senhor confiou mais uma vez a Igreja a São Pedro. Esse, voltando-se ao Nosso Senhor, perguntou-lhe, referindo-se a São João: ‘E este? Que será dele?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha?'” O próprio São João comenta: “correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria.” Mas Jesus não lhe disse “não morrerá”, mas “que te importa se quero que ele fique até que eu venha?” (Jo 21, 15-23).
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