terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “O amor tem endereço”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Qual é o maior mandamento?
 
Nesse domingo vamos ao coração do Reino: Onde está o fundamento de toda a fé? Os judeus tinham 613 mandamentos: 365 mandamentos e 248 prescrições. O fariseu pergunta: “Qual é o maior mandamento da lei?” Jesus responde, citando a lei de Deus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento” (Mt 22,37; Dt 6,5). Maior porque dele decorrem e dele tiram significado todos os outros mandamentos. Moisés recebeu as tábuas da lei. Na primeira tábua estão os mandamentos referentes a Deus, o que se deve fazer. Na segunda tábua está escrito o que não se deve fazer em relação ao próximo. Os fariseus fazem uma religião do reconhecimento e do respeito a Deus. Jesus não nega essa verdade. Contudo, mais que uma verdade é uma vida. Não basta saber que Deus existe, é preciso amá-lo. E amá-lo envolve o ser humano como um todo. Não se trata só da discussão de um assunto profundo. É uma proposta de vida. Por isso acrescenta: “E o segundo é semelhante a esse primeiro mandamento: amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Com essa aproximação dos dois mandamentos, Jesus faz um retorno à unidade entre as duas tábuas da lei. Separadas, dão a impressão de não se relacionarem. Não é o plano de Deus. 
E o segundo é igual ao primeiro. 
O primeiro endereço do amor é Deus, como todo o fiel judeu rezava três vezes ao dia: “Ouve, ó Israel, o Senhor é um! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração...” (Dt 6,4-9). Mas esse endereço passa pelo amor ao próximo, como podemos ler em Tiago 2,8 e em 1ª João 3,11-24. Deus é o primeiro endereço do amor e o segundo endereço, o próximo, mora no mesmo número. A 1ª leitura, tirada do livro do Êxodo (22,20-26), texto muito antigo, chamado código da Aliança, é de uma atualidade chocante. O próximo é, muitas vezes, o estrangeiro, que era espezinhado ao extremo. O povo se esquecia de que passara por aqueles mesmos sofrimentos. Deus o libertara para que libertasse os outros sofredores. Vejamos quanto sofrem os clandestinos nos outros países! Os pobres também sofrem. Que direitos possuem? A viúva e o órfão viviam sem direitos e desamparados, vítimas da exploração. Quanto essa gente perdeu por ser fraca e sem documentos! 
Caminho do amor 
O pobre tem um único parente forte: o Deus ferido em seu pobre! Os fracos são explorados pelos agiotas que levam o necessitado à miséria maior. O pobre endividado! A legislação bíblica tem carinho por Ele. Preocupa-se com o manto tomado em penhor, pois pode fazer-lhe falta à noite. Ele não pode passar frio. O próximo está próximo de Deus. O fraco tem direito ao respeito, aos cuidados que todos têm (saúde, escola, casa, trabalho etc...). Cada pessoa tem direito de ter o dinheiro necessário. Mas é o meu!, posso dizer. O que é nosso? Nosso é o direito à administração para sermos iguais. Jesus veio para que todos tenham vida. É o caso de perguntarmos por que somos cristãos? Certamente a sociedade atual pensa em acumular. E os resultados não são os melhores. É de temer o resultado dessa posição do mundo atual. Qual será o resultado? Respeite-se o que do outro! Mas cada um veja como possuir. Por que Deus é misericordioso e eu não sou? 
Leituras:Malaquias1,14b-2,2.8-9;
 Salmo 130; 
1Ts 2.7-9.13; Mateus 23,1-12. 
Ficha: 1. Depois de entrar na discussão do tributo e da ressurreição, Jesus discute com os fariseus sobre o fundamento da fé e da vida. Os judeus tinham 613 mandamentos. Qual deles é o mais importante? Jesus concorda com os fariseus e diz que o maior é o amor. Mas não pára aí, e acrescenta que o segundo é semelhante ao primeiro: “Amarás o teu próximo com a ti mesmo”. As duas tábuas da lei não podem estar separadas. 
2. O segundo mandamento, o amor ao próximo, está unido ao amor a Deus. A leitura do livro do Êxodo mostra em que consiste esse amor, mostrando onde estava o pecado contra o próximo: opressão ao estrangeiro, sofrimentos infligidos aos pobres, sobretudo viúvas e órfãos indefesos, exploração pela agiotagem. 
3. Deus é terno e sente feito a si o que fazemos ao pobre. A lei tem o cuidado que o pobre não passe frio porque seu manto foi penhorado. Nós os cristãos temos de ser os primeiros a viver bem a justiça e o carinho pelos os pobres. O amor a Deus e ao próximo tem o mesmo número na lista dos endereços.
Homilia do 30º Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2005

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