Essa frase vive surpreendendo muita gente, principalmente nas horas de sofrimentos. Até na morte o conformismo vem através desse jargão que, de tanto falarem, faz parte do vocabulário consolador nos velórios: “Deus quis assim”. Não sei bem que Deus é esse que quer a morte, escolhe alguns para morrer deixando outros que precisavam morrer para desocupar um pouco esse mundo. Que Deus é esse que anda na cabeça do povo, que patrocina atrocidades e nos oferece uma vida cheia de percalços e sofrimentos? Aqui entra a grande ignorância, a preguiça ou incapacidade de pensar. Que muitos sejam incapazes até de pensar, podemos admitir, pois seu universo é tão reduzido e pequeno, fácil para aceitar qualquer explicação. Tudo o que o ultrapassa, se explica pela vontade de Deus, explicação tranquilizadora e confortante em qualquer situação. O problema com aqueles que não querem procurar uma explicação mais completa ou preferem não pensar muito. É bom deixar como está: um Deus que é Pai, mas que distribui morte, sofrimento, auxílio para quem Ele quer, premiando a uns e castigando a outros. Uma teologia que nos deixa inseguros. Não é fácil perceber que cada um de nós, com seu modo de agir, causa problemas ao outro e essa ciranda negativa, principalmente do pecado, forma o negativo pano de fundo de destruição do plano de Deus, trazendo a morte, o sofrimento. Nós somos responsáveis pela morte e pela vida, pelo sofrimento e pela paz. Um sistema político-econômico a serviço da ganância e do egoísmo gera exclusões, privações, violência e destruição. A natureza tem seu limite e morremos quando acaba a nossa resistência para reter a vida. O pior problema nasce daqueles que querem manter o povo na ignorância, no medo e assim manter o comando. Uma teologia conservadora, uma teologia da prosperidade, do conformismo. São teologias falsas, anti-evangélicas. A Igreja já nos manteve no medo do inferno, da condenação, da morte terrível por muito tempo. Há lideranças que não largam o poder e vivem ameaçando uns coitados que não têm acesso a uma teologia mais arejada e mais evangélica. O povo foi domesticado para viver a dependência; vive com um nó cada vez mais sufocante e sem perspectivas de vida. Manter o povo nessa linha é fornecer a ele uma religião que não liberta. Ninguém tem o direito de escravizar o povo pela religião, através de movimentos, grupos e ensinamentos que ferem a dignidade da pessoa. Para todos os que querem manter-se na liderança através de ameaças, vale a advertência de Jesus: “Cuidado com o fermento dos fariseus”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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