sábado, 2 de outubro de 2021

Beato Antônio Chevrier, Sacerdote, Fundador (+1879), 02 de Outubro

Nascido a 16 de Abril de 1826 e ordenado em 1850, o Padre Antônio Chevrier foi logo nomeado coadjutor da paróquia de Santo André de la Guillotière, bairro industrial e operário da cidade de Lyon, França. Três coisas aí o marcaram e fizeram sofrer muito: a “miséria e ignorância” das pessoas, agravada pelas “inundações catastróficas” do Ródano em fins de Maio de 1856; o “distanciamento do clero” em relação às mesmas; a sensação nítida de que a pastoral utilizada pela Igreja local não servia. “Um pouco menos de devoção e um pouco mais de fé”, dizia.
Alguns meses depois, deu-se um acontecimento, que ele apelida de místico-apostólico. Conta ele: “Foi meditando durante a noite de Natal de 1856 sobre a pobreza de Nosso Senhor e sobre a Sua descida para o meio dos Homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível… Foi o mistério da Encarnação que me converteu!… Então decidi-me a seguir Nosso Senhor Jesus Cristo mais de perto. E o meu desejo é que vós próprios sigais de perto Nosso Senhor”.
Antônio Chevrier estava convicto de que a “formação de sacerdotes e catequistas, consagrados à evangelização dos pobres, era a grande necessidade da sua época e da Igreja”. E para isso, só sacerdotes pobres estariam em condições de fazê-lo: “Sacerdotes despojados (Presépio), crucificados (Calvário) e dados em alimento (Eucaristia)”.
Um Princípio Fundamental: conhecer Jesus Cristo é tudo!
Antônio Chevrier foi o fundador da Associação dos Padres do Prado (Instituto Secular) que desenvolve uma espiritualidade de padre diocesano, tendo como pilares fundamentais:
O Estudo do Evangelho
Estudar Jesus Cristo tal como se nos revela nas Escrituras. “Nenhum estudo deve ser preferido àquele, porque só este conhecimento nos pode fazer padres”.
A releitura da nossa vida à luz do Evangelho
Para conduzir o povo de Deus segundo o Espírito de Deus, é-nos necessário conhecer a vontade de Deus. Procurar decifrar os sinais dos tempos na vida de hoje como lugar onde se manifestam a vontade e a ação de Deus. Pelo olhar contemplativo sobre a vida das pessoas, deixar o Espírito formar em nós Jesus Cristo na própria ação pastoral.
A Vida de Equipe, a Vida fraterna
Acolher com alegria os companheiros a quem o Espírito comunica a mesma atração.
A vida de equipe tem por fim estimular-nos a viver a nossa vocação na pobreza, na simplicidade e na alegria, oferecer-nos um lugar de discernimento, de conversão, de renovação na nossa ligação a Jesus Cristo e no nosso desejo missionário ao serviço dos pobres.
A vida de equipe não tira nada à nossa pertença ao presbitério da nossa diocese, que é o nosso primeiro espaço de fraternidade.
O Padre Chevrier, guia neste caminho
Os a sua vida, seus escritos são, para nós, um lugar privilegiado. Por ele nos veio este apelo. Ele não é apenas um entre tantos, para o Prado. É um “guia incomparável para os padres e mesmo para os leigos cristãos” segundo a expressão de João Paulo II, por ocasião da beatificação do Padre Chevrier.
Antônio Chevrier foi beatificado por João Paulo II, em Lyon, no dia 4 de Outubro de 1986. Nessa ocasião, o Papa deixou aos pradosianos quatro grandes orientações:
• “Ide ao encontro dos pobres para fazer deles verdadeiros discípulos de Jesus Cristo”;
• “Que o vosso sinal distintivo seja sempre a simplicidade e a pobreza”;
• “Falai de Jesus Cristo com a mesma intensidade de fé como o Padre Chevrier”;
• “Apoiai-vos sempre em Jesus Cristo e na Igreja”.
A sua Festa celebra-se a 2 de Outubro, dia aniversário da sua morte.
Oração
Senhor, Vós chamastes o Bem-aventurado Antônio Chevrier a fazer-se discípulo do Vosso Filho, para que a Boa Nova seja anunciada aos pobres. Ajudai-nos a seguir os exemplos de Cristo pobre e crucificado, a fim de que Vos possamos glorificar.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.
Avelino Cardoso (Padre pradosiano)

João Paulo II disse o seguinte para os seminaristas franceses e seus formadores reunidos em Lyon, nos dias 14 e 15 de setembro de 2001:
 “Os seminaristas e seus formadores são convidados a criar em conjunto uma comunidade de discípulos que reviva a experiência dos Doze unidos a Jesus (cf. Pastores dabo vobis, nr.60), de modo a aprender a viver e servir como Jesus fez. Para este efeito, é importante que eles não procurem honras, riqueza ou poder, mas sim para darem-se mansos e humildes (Mt.11/29), pobres (Mt.5 / 3) e pequenos (Mt.11 / 25), imitando assim o Mestre, a fim de se tornarem Seus verdadeiros discípulos, para que todos aqueles que batam à porta possam se sentir respeitados e bem-vindos. Eles irão encontrar no Beato Antônio Chevrier e nos muitos Santos da França, dignos modelos da vida apostólica “(Doc. Cath. 21 Out. 2001, nr. 2256) – Retirado e traduzido do site do Instituto do Prado.
Digna de nota é a direção espiritual feita pelo Beato Antônio Chevrier à senhora Marie Marthe Tamisier, considerada a fundadora dos Congressos Eucarísticos Internacionais. Essa devota dama francesa era dirigida espiritualmente pelo grande São Pedro Julião Eymard, fundador  dos Padres do Santíssimo Sacramento, considerado Apóstolo da Eucaristia. Depois da sua morte, em 1868, Marie Tamisier correu para Ars, e em prece aos pés do túmulo de São João Maria Vinnaey clamou a Deus para que pudesse ser agraciada com um novo diretor tomado pelo fervor evangélico. Alguns dias depois um amigo encorajou-a a ir até Lyon, onde vivia o Apóstolo dos Mendigos, Pe. Chevrier.
Quando viu Pe. Chevrier, ela ficou surpresa:  ele vestia roupas velhas e vivia sob a mais genuína pobreza cristã. Além disso, o santo sacerdote foi enfaticamente duro com a senhora Tamisier: “Você deseja servir a Deus, mas não sabe nada da vida cristã! É necessário ser um santo e fazer as obras dos santos para entrar no céu. É necessário seguir as palavras de Jesus no Evangelho: ‘Vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me.’” Ainda continuou: “Não ter nada, você deve se tornar um mendigo! Pare a primeira mulher que conhecer e peça para trocar as suas roupas com a dela, cubra-se com trapos, e então comece a servir ao Senhor. Quando você sentir que tem a força para viver assim, venha a mim e eu vou, com prazer, dirigir a sua alma.” A Senhora Tamisier gostava da sua vida, das suas roupas, do seu mundo, ela não entendia o motivo de uma pobreza tão radical. Depois de alguns meses foi ao encontro de Pe. Chevrier e este lhe disse: “Você mudou a sua mente? Faça-o agora! Sua vocação é a de pedinte nas ruas, como um mendigo do Santíssimo Sacramento!” Ela sabia, realmente, que o Pe. Chevrier falava a verdade, mas também sabia e reconhecia a sua fraqueza em segui-lo.
Depois de muita oração e clamor ao Senhor, a Senhora Tamisier recebeu a graça de Deus. Ela voltou para Lyon onde se encontrou com Pe. Chevrier e disse o que ele tanto queria ouvir: “Padre, estou pronta para o sacrifício”. Tão ilustre sacerdote sabia que o importante, antes de tudo, era a pobreza espiritual; não necessariamente os pobres em matéria eram pobres em espírito, e não necessariamente os ricos em matéria eram ricos em espírito. Chevrier não rasgou as vestes de Tamisier, não mandou que vendesse seus bens, mas mesmo assim se tornou seu diretor espiritual, afinal o maior sacrifício, o da alma, ela já havia feito. Pe. Chevrier disse a ela: “Você irá trabalhar, mas você não verá os frutos do seu trabalho e ainda irá se deparar com muitas dificuldades no seu trabalho para fazer o Santíssimo Sacramento conhecido e amado.” E assim aconteceu. O que começou de maneira pequena, simples e desorganizada, tornou-se um dos eventos mais sublimes da catolicidade: o Congresso Eucarístico Internacional.
RAVAZZANO, Pedro. Apostolado Veritatis Splendor: BEATO ANTÔNIO CHEVRIER, EXEMPLO DE SANTIDADE E POBREZA EVANGÉLICA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5949. Desde 20/08/2009.

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