quarta-feira, 18 de agosto de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Entrai pela porta estreita”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
O caminho é o guia ao caminhante.
 
Alguém perguntou a Jesus: “É verdade que são poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: “Fazei todo esforço para entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão e não conseguirão” (Lc 13,24). Por que muitos não entram, se querem e tentam? Por que é estreita a porta? Jesus responde: “Eu sou a porta” (Jo 10,9). Ele é a única brecha para se entrar no Reino. Reino é domínio de Deus e Deus é amor. O Reino é o amor de Deus instituindo-se como estrutura fundamental do mundo. É a vida do Céu que se inaugura na terra. O caminho para viver o amor é o Evangelho. É o único caminho. Eu sou o caminho, diz Jesus. Ele é o Evangelho que se explica pelos Evangelhos. Torna-se difícil porque exige que Deus, através do amor penetre nossa vida. Não basta ter tido uma convivência pessoal diante de Jesus, mesmo em uma ceia íntima. É preciso passar pela porta estreita. Ela é a passagem. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). O caminho estreito e a porta apertada não indicam dificuldade. O próprio caminho, que é Jesus, conduz à vida, ao Reino. É vivendo a fé em Jesus, como amor, que passamos pela porta estreita. Sendo Jesus o caminho, este próprio caminho sempre conduzirá à vida, e enquanto se caminha gera vida. 
O Senhor corrige a quem ama. 
A carta aos Hebreus, tendo em vista este caminho e esta porta estreita, propõe a educação e a correção que o Senhor faz. “Não desanimes quando Ele te repreende, pois Ele corrige a quem ama e castiga a quem O aceita como Senhor” (Hb 12,5-6). A correção não causa alegria, enquanto está acontecendo, mas produz resultados. Esta correção de Deus se propõe de tantos modos. Os castigos não são brutalidades que ofendem, mas são caminhos e esforço constante de permanecer firmes no amor. Quando nos desviamos, o próprio desvario já traz suas conseqüência. Cada um paga por onde peca (Rm 1,27). Desviar-se do único caminho será sempre um risco que exige correção de rota, revisão dos mapas da vida. Não podemos pensar que Deus nos castigue, à maneira das pessoas, como uma vingança. As propostas de conversão, exigências de cortar o mal, são benéficas e aí está a correção. 
Reino aberto a todos. 
Este caminho estreito pode ser trilhado por qualquer um e a porta estreita está aberta a quem quiser entrar. O profeta diz (Is 66,20-21) que virão de muitos povos para fazer ofertas ao Senhor. E deles serão escolhidos sacerdotes e levitas, o que sempre foi impossível ao povo de Israel. Somente os descendentes da família de Aarão eram sacerdotes, e levitas eram os pertencentes à tribo de Levi. Jesus diz também que “virão do Oriente e do Oriente e tomarão lugar à mesa do Senhor” (Lc 13,29). É a participação integral no novo povo. O Evangelho do Reino do amor pode ser vivido por todos. Por mais que esta porta seja estreita, quem se corrige, venha de onde vier, poderá entrar. Quem quer trilhar o caminho que é Jesus, o próprio caminho será o guia do caminhante, ao passar pela porta estreita. Estreita, mas tem o tamanho do coração de Deus. 
Leituras: Isaias 66,18-21; Salmo 116; 
Hebreus 12, 5-7.11-13; Lucas 13,22-30. 
Homilia do 21º domingo do Tempo Comum
EM AGOSTO DE 2004

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