quinta-feira, 15 de abril de 2021

EVANGELHO DO DIA 15 DE ABRIL

Evangelho segundo São João 3,31-36. 
«Aquele que vem do alto está acima de todos; quem é da Terra, à Terra pertence e da Terra fala. Aquele que vem do Céu dá testemunho do que viu e ouviu; mas ninguém recebe o seu testemunho. Quem recebe o seu testemunho, confirma que Deus é verdadeiro. De facto, Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus, porque Deus dá o Espírito sem medida. O Pai ama o Filho e entregou tudo nas suas mãos. Quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Ireneu de Lyon(130-208)
Bispo, teólogo, mártir 
Contra as heresias,IV,37 
«Quem acredita no Filho tem a vida eterna. 
Quem se recusa a acreditar no Filho 
não verá a vida» 
Deus fez o homem livre para que ele pudesse responder aos seus apelos voluntariamente e sem constrangimentos. De facto, em Deus não há violência, mas Ele convida-nos constantemente ao bem. Ele deu ao homem o poder de escolher, como havia feito com os anjos. E não é só no âmbito da sua atividade, mas também no campo da fé que o Senhor salvaguarda a liberdade do homem. Com efeito, Ele diz: «Faça-se segundo a tua fé» (Mt 9,29), mostrando assim que a fé é característica do homem, porque depende da sua decisão pessoal. Diz ainda: «Tudo é possível a quem crê» (Mc 9,23) e, noutra passagem, «Vai, que tudo se faça segundo a tua fé» (Mt 8,13). Todos estes textos mostram que o homem orienta o seu próprio destino conforme escolhe acreditar ou não. Por isso, «quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida». Dir-se-á então que teria sido melhor Deus não ter criado os anjos com a possibilidade de desobedecerem à sua Lei. Também não devia ter criado os homens, que tão depressa se tornariam ingratos para com Ele: na verdade, esse era o risco associado à sua natureza racional, capaz de examinar e julgar; devia tê-los feito semelhantes aos seres desprovidos de razão e de princípio de vida própria. Mas, nesse caso, o bem não teria nenhuma atração para os homens, a comunhão com Deus nenhum valor a seus olhos. O bem não despertaria neles o menor desejo, uma vez que seria adquirido sem terem de o procurar; o bem seria inato neles. Se o homem fosse bom por natureza e não por vontade, não compreenderia que o bem é apetecível, não poderia apreciá-lo. Que gozo do bem teriam aqueles que o desconhecessem? Que glória, aqueles que não tivessem feito qualquer esforço para o alcançar? Que coroa, aqueles que não tivessem lutado para o obter? Pelo contrário, quanto mais a nossa recompensa resultar de um combate, mais valor terá; quanto maior for o seu preço, mais a desejaremos.

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