Evangelho segundo São Marcos 16,9-15.
Jesus ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e apareceu em primeiro lugar a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios.
Ela foi anunciar aos que tinham andado com Ele e estavam mergulhados em tristeza e pranto.
Eles, porém, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram.
Depois disto, manifestou-Se com aspeto diferente a dois deles que iam a caminho do campo.
E eles correram a anunciar aos outros, mas também não lhes deram crédito.
Mais tarde apareceu aos Onze, quando eles estavam sentados à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado.
E disse-lhes: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura».
Tradução litúrgica da Bíblia
Teólogo,fundador do Oratório em Inglaterra
PS1,22:«Testemunhas da Ressurreição»
Testemunhas da ressurreição
Seria de esperar que Nosso Senhor, uma vez ressuscitado, aparecesse ao maior número possível de pessoas, sobretudo aos que O tinham crucificado. Pelo contrário, vemos pela história que Ele Se manifesta apenas a algumas testemunhas escolhidas, especialmente os seus discípulos mais próximos. Como diz São Pedro: «Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas anteriormente designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois da sua ressurreição dos mortos» (At 10,40-41).
À primeira vista, isto é estranho, pois temos uma ideia muito diferente da ressurreição: julgamos que é uma manifestação deslumbrante e visível da glória de Cristo. Representando-a como um triunfo público, somos levados a imaginar a confusão e o terror que se teriam apoderado dos seus carrascos se Jesus Se tivesse apresentado vivo diante deles. Mas tal raciocínio levar-nos-ia a conceber o Reino de Cristo como um reino deste mundo, o que não é adequado; levar-nos-ia a supor que Cristo já tinha vindo julgar o mundo, que o julgara nesse momento, quando tal só acontecerá no último dia. Porque Se terá Ele mostrado apenas «a algumas testemunhas escolhidas anteriormente»? Porque era este o meio mais eficaz de propagar a fé pelo mundo inteiro. Qual teria sido o fruto de uma manifestação pública que se impusesse a todos? Esse novo milagre teria deixado a multidão como a tinha encontrado: sem mudança eficaz. Os seus milagres anteriores não tinham convencido a todos; que mais teriam dito e sentido os incrédulos se «alguém ressuscitasse dentre os mortos»? (Lc 16,31)Cristo mostra-Se para suscitar testemunhas da sua ressurreição, ministros da sua palavra, fundadores da sua Igreja; algo que a multidão, com a sua natureza inconstante, jamais poderia ser.
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