segunda-feira, 6 de julho de 2020

Santa Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus, Virgem e fundadora – 6 de julho

     Seu nome de batismo era Nazária Inácia March Mesa e nasceu no dia 10 de janeiro de 1889 em Madrid. Seus pais, João Alexandre March e Nazária Mesa. Nazária, foi a quarta filha de uma grande prole; sendo gêmea, esteve em perigo de vida e, por isso, foi batizada imediatamente. Para completar as prescrições rituais levaram-na à igreja no dia 11 de abril. Seu pai era comerciante e sua mãe não era particularmente devota: pouco frequentava a religião católica. A grande influência religiosa veio da avó materna, que colocou Nazária numa escola em Sevilha gerenciada pelas Agostinianas do Espírito Santo.
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     Naquele colégio Nazária faria sua Primeira Comunhão em 1898. Na noite anterior à comunhão, Nazária rezou fervorosamente até que adormeceu. Durante o sono teve uma visão de Jesus que carregava a cruz. A certo momento, Jesus se volta para ela e diz: “Nazária, segue-me!”. E ela teria respondido por três vezes: “Quero te seguir o mais de perto possível”, prometendo a Jesus que faria um voto de virgindade.
     Dois anos depois de sua Primeira Comunhão o sonho se realizou: no dia 15 de agosto de 1900, fez seu voto com algumas companheiras do Colégio. Apesar disso, ao voltar para casa, se deparou com a indiferença de seus pais e irmãos. Muito sofrimento teve que suportar, pois em determinado momento seus pais chegaram a lhe proibir a ida à igreja para receber os sacramentos. Em 1902, novamente em Sevilha, ela recebeu o sacramento da Crisma: a graça do sacramento a fez se sentir fortificada em seu propósito de viver uma vida totalmente dedicada ao seu Jesus. Com a permissão de sua avó se inscreveu na Ordem Terceira Franciscana, obtendo assim maior liberdade junto a seus pais para participar da vida sacramental.
     Em 1906, em razão de um revés nos negócios do pai, toda a família acabou por se transferir para a Cidade do México. Na viagem, Nazária conheceu as Irmãs dos Anciãos Desamparados, que viajavam no mesmo barco. Entusiasmou-se a ser como elas e entrou na Congregação a 7 de dezembro de 1908. Após o seu postulantado, voltou para a Espanha, para fazer o noviciado em Palência.
     Em 1909 assumiu o nome religioso de Nazária de Santa Teresa de Jesus. Diante do pedido das superioras se haveria alguma voluntária para fundar uma casa religiosa na Bolívia, Irmã Nazária logo se dispôs a partir. Fez primeiramente seus votos simples, no dia 15 de outubro de 1911.
     Um ano depois, no dia 23 de dezembro de 1912, junto com outras nove coirmãs, Irmã Nazária chegava em Oruro, na Bolívia. Começou então a trabalhar com idosos e a desempenhar os mais variados papéis: administrava a pequena comunidade, trabalhava ora como enfermeira, ora como cozinheira, porteira... Nem sempre esses trabalhos eram prazerosos, mas ela encarava todos os sofrimentos com um olhar e uma atitude de fé.
     Em 1915 fez sua profissão perpétua: na noite anterior à profissão foi horrivelmente tentada a se rebelar contra o projeto que Deus lhe apresentava. Mas ela venceu a tentação.
Por mais de doze anos fez parte dessa comunidade, dedicada inteiramente aos pobres. Percorreu outras cidades, povoações e minas a pedir esmolas para os velhinhos. Nessas caminhadas descobriu que a messe era grande e os operários poucos. Que fazer? Irmã Nazária, sentiu o desejo da vida apostólica: começou a se dedicar ao ensinamento do catecismo e à organização de uma escola de jovens para o apostolado. Mas, por ser uma obra não conforme aos objetivos de sua Congregação, teve que deixá-las de lado.
     Nos exercícios espirituais feitos em 1920, segundo o método de Santo Inácio de Loyola, sentiu-se fortemente movida a reunir outras pessoas para dilatar o Reino de Cristo, “sob a bandeira da cruz”. Lutou contra a ideia de abandonar a própria Congregação para fundar outra, mas em 1925 os Bispos de Oruro e de La Paz, assim como o Internúncio Apostólico, concordaram que essa era a vontade de Deus. Foi assim que no dia 16 de junho daquele ano, por decreto do Bispo de Oruro, a Irmã Nazária Inácia deixou a Congregação das Religiosas dos Anciãos Desamparados, para desempenhar a função de Superiora da Comunidade das Nazarenas, que depois tomarão o nome de Missionárias Cruzadas da Igreja.
     Com o apoio dos claretianos, Irmã Nazária começava a semente do Instituto das Irmãs Missionárias da Cruzada Pontifícia, comunidade voltada para a formação e inspirada na espiritualidade inaciana. O novo Instituto se fixou em um velho edifício que tinha sido propriedade dos jesuítas. O caminho para Irmã Nazária, no entanto, foi marado pelo sofrimento e pela incompreensão.
     Decorridos seis meses, eram já dez as religiosas que se dedicavam a trabalhos de apostolado por meio da catequese e da cooperação nas obras paroquiais. Com o correr do tempo, o novo Instituto vai abrir tanto o leque das suas ambições - colégios, orfanatos, oficinas, escolas noturnas, obras de beneficência, asilos, visitas aos presos e doentes nos hospitais, difusão da boa imprensa, casas de exercícios - que a Santa Sé achou prudente restringir um pouco a finalidade da Congregação, quando lhe concedeu o decreto de louvor, a 8 de abril de 1935.
     As religiosas passaram pelo crisol do sofrimento. Em 1932 moveram contra elas tão cruéis perseguições que até a vida lhes puseram em perigo. Na Espanha, onde a obra se havia implantado, se não fosse a intervenção do Cônsul do Uruguai teriam sido fuziladas. Após reveses pessoais – como a desaprovação para os votos de sua primeira companheira, considerada desobediente – ela foi para Roma em 1934: além de fazer uma verdadeira peregrinação, conseguiu ser recebida numa audiência privada pelo Papa Pio XI.
     Apesar de todas estas adversidades, Madre Nazária Inácia, antes da sua morte, já tinha suas filhas trabalhando na Bolívia, Argentina, Uruguai e Espanha. Em 1977, o Instituto, dividido em cinco províncias, contava 77 casas em 13 nações da Europa, América Latina e África.
     Após 22 anos de ausência de sua pátria, Madre Nazária voltou para sua Espanha para fundar uma casa que deveria servir para os exercícios espirituais. Após tantos trabalhos, acometida por uma pneumonia, Madre Nazária faleceu santamente no dia 6 de julho de 1943, em Buenos Aires (Argentina). Seus restos foram trasladados para a Casa Mãe de Oruro (Bolívia), segundo seu desejo, em 18 de junho de 1972.
     A aprovação definitiva do Instituto ocorreu em 1947 – quando Madre Nazária já havia falecido – e recebeu o nome de Missionárias Cruzadas da Igreja.
     Madre Nazária teve as suas virtudes heroicas reconhecidas pela Igreja em setembro de 1988, e foi beatificada em Roma a 27 de setembro de 1992. Sua canonização ocorreu no dia 14 de outubro de 2018 após a confirmação de um milagre. Sua festa foi indicada como 6 de julho de cada ano.
     Com efeito, no dia 13 de outubro de 2010 a Irmã Maria Vitória Azuara, Irmã Missionária Cruzada da Igreja, sofreu uma hemorragia cerebral. Ficou sem poder falar e tinha muitas dificuldades para deglutir os alimentos. As Irmãs começaram uma corrente de oração, pedindo a intercessão de Madre Nazária. Doze dias depois, de modo inexplicável e contra todos os prognósticos, Irmã Maria Vitória começou a falar normalmente e a comer sem problema algum.
 
Madre Nazária
com seus órfãos 

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