PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Consagrado ao Senhor
A celebração da Apresentação do Senhor ao templo é revestida de muita solenidade no Oriente. Entre nós tem pouco mais que a celebração da bênção das velas. É um momento forte de contemplar a Manifestação do Senhor. Cristo é a luz da vida. A luz é vida. Nas celebrações da Manifestação os escolhidos (pobres pastores, Magos, judeus e discípulos) vão até o Menino que é a verdadeira luz. Agora é o Menino que vai ao templo de seu Pai. É como se viesse tomar posse do que é seu: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar” (Sl 23). Ele é o prometido por Deus. Ele vem purificar pelo fogo e pela soda. Purificação para o culto perfeito (Ml 3,2-4). Jesus, primogênito, é consagrado ao Senhor. Pertence a Deus como todos os primogênitos. Esse gesto de apresentá-los ao templo e oferecer um sacrifício é o momento de resgate dos primogênitos. Com a morte dos primogênitos do Egito, poupando os primogênitos hebreus, esses passaram a pertencer a Deus. O sacrifício oferecido os devolve. Ser consagrado significa a posse total de Deus sobre a pessoa. Esse consagrado é reconhecido pelo justo Simeão que o toma nos braços e louva Deus pela salvação. Esse consagrado levará todos ao discernimento. Ninguém fica indiferente diante de Deus. A festa das luzes, de tradição muito antiga, leva-nos a perceber que somos consagrados a Deus pelo batismo e participamos das condições de Jesus. Com Ele podemos receber e participar da salvação do mundo. Com Ele vamos ao templo na permanente oferta a Deus.
Sofreu a tentação
Corremos o risco de entender Jesus e sua missão como algo totalmente distante da condição humana. Até preferimos, porque nos compromete menos. A Carta aos Hebreus ensina que “Ele devia ser em tudo semelhante aos irmãos”... “Ele não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão”... “Tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,14-18). Somos ajudados assim a compreender a condição de Jesus entre nós. Ser em tudo igual aos irmãos anima a que nos aproximemos Dele com a confiança de quem conhece nossas condições. Isso nos faz perceber que é na condição humana que vamos viver a salvação. É muito mais fácil e nos compromete menos, se tirarmos a fé e a vida cristã de sua condição de continuar o Redentor e sua missão. Uma Igreja que perde o contato com o povo de que é feita, perde sua finalidade e sua força transformadora. É mais fácil, pois não nos compromete com o ser humano. Por isso vemos que o Reino perde sua força evangelizadora porque nada tem a ver com o homem em sua realidade. Somos todos irmãos de Cristo e entre nós.
Vimos a salvação
O santo homem Simeão era um homem justo, era movido pelo Espírito Santo. O Espírito lhe havia anunciado que não morreria antes de ter visto o Messias que vem do Senhor (Lc 2,32). Tem consciência do momento e diz: “... Meus olhos viram a salvação que preparaste para todos os povos” (id 30). Essa salvação nos é dada por Jesus, levando consigo toda a condição humana. Ele cresceu. Não nasceu pronto, desenvolveu-se: “Voltaram para a Galiléia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com Ele” (Id 39-40). É o grande projeto de Deus: seu Filho crescer. Encontramos aqui o projeto fundamental para nós que acolhemos o Reino de Deus: Crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Por isso é fundamental viver como Jesus viveu, crescendo em todas as dimensões.
Sabão que santifica
Entre os títulos e nomes dados ao Messias, temos esse especial: potassa dos lavadeiros. Não eram lavadeiras. É o sabão de cinza. Como não existia soda, usava-se (e chegou até nós) a soda natural da cinza.
Podemos entender que a purificação que Jesus quer fazer vai fundo no coração de cada pessoa. Penetra. Como um fogo, purifica pelo calor. Um mundo purificado vai ser mais saudável.
Jesus participa da condição humana de fragilidade e graça. Podemos fazer nossa parte.
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