sexta-feira, 13 de março de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “O Senhor fez Maravilhas

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Preparai os caminhos do Senhor 
O evangelista Lucas, ao narrar um fato importante, localiza-o na história. Com isso deixa claro que as ações de Deus acontecem em um tempo determinado. Tudo em nossa vida está unido ao tempo de Deus. É a história de Deus na história dos homens. E usa a linguagem dos profetas, como é o caso de João que foi ao deserto para o encontro com Deus. Não foi para ser profeta. Em seus caminhos de fidelidade encontrou a fidelidade prometida por Deus (Sl 145). Por isso lhe foi possível identificar a missão que lhe confiava. Quando nos damos a Ele, também identificamos nossa missão e razão de ser. Os tempos de Deus incidem sobre nossas vidas que estão sempre abertas esperando sua vinda. Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Jesus é o caminho. Tanto caminho de Deus para nós quanto o caminho que parte de nós para Deus. Por isso, a chamada de João é muito atual. Deus continua vindo ao seu povo. A oração da missa nos ensina a pedir: “Que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro de vosso Filho”. Por isso vem a ordem de Deus: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas... E todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,4.6). Vemos claramente no salmo 125 a alegria dos que retornavam do exílio. Parecia um sonho. A busca de Deus que João fez no deserto lhe ensinou a preparar os caminhos para a vinda de Cristo. Não se refere somente ao Natal, ou à sua vinda no fim dos tempos, mas a contínua vinda de Deus oferecendo-nos a salvação. Quando culminamos o caminho de Deus com a nossa busca, ele se plenifica em nós. 
As maravilhas se repetem 
O caminho aplainado, os montes abaixados e os caminhos tortuosos endireitados, texto tirado do profeta Baruc (Br 5,1-9), preparam a volta do povo do exilado. Esse grandioso feito de Deus pelo povo continua a grandeza da libertação do Egito. Agora não mais num deserto mortífero, mas na beleza da restauração. Tudo é obra do amor de Deus: “Deus guiará Israel, com alegria, à luz de sua glória, manifestando a misericórdia e a justiça que Dele procedem” (Br 5,9). A vinda de João Batista convoca à conversão com atitudes. O mal que praticamos se compara ao exílio. O caminho de volta que aumenta a alegria é a conversão. Na perspectiva de fim dos tempos e também da vinda do Senhor no Natal, exige conversão. Sem isso tudo se torna uma fantasia. Perder o sentido Divino da vinda de Cristo, tanto no Natal como no fim dos tempos, é continuar um exílio, mesmo tendo o que nos agrada provisoriamente. Assim os judeus diziam que eram melhores as panelas de cebola do Egito que a liberdade (Nm 11,5). A conversão leva à riquezas e a dons maiores. Como cristãos, não podemos nos fixar somente numa piedade intimista. Temos a missão de preparar o mundo para a vinda do Senhor. 
Ministério da ternura 
Paulo une a evangelização aos sentimentos de ternura, de saudade e de amor compartilhado. Evangelizamos a pessoa inteira, mas evangelizamos como pessoa completa. O ministério da ternura é o veículo mais forte para a evangelização. Lemos: “Moisés era um homem muito paciente e o mais humilde dos homens de sua época” (Nm 12,3). Jesus disse: “Eu sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). A própria palavra graça de Deus está ligada ao gesto de Deus que se abaixa para abraçar e reerguer. Quanta agressividade e grosseria nós encontramos nas comunidades e, em nome de Deus! O próprio João tem a humildade de dizer: “Que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Isso vale para nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário