sexta-feira, 2 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “A comunidade dos ressuscitados”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
1876. Encontra todos reunidos 
Os que foram ressuscitados, isto é, os que creram e foram batizados estão sempre reunidos. É uma característica da comunidade. Essa unidade não é apenas social, mas é comunhão produzida pelo Espírito Santo que a torna Corpo de Cristo. São novas criaturas que constituem o lugar onde se manifesta o Ressuscitado que dá o Espírito. Esse é o Pentecostes permanente. A comunidade dos discípulos continua a presença do Senhor e acolhe seu Espírito. O evangelista narra que as aparições se deram no primeiro dia da semana que chamamos dia do Senhor, domingo (Dies Dominica). Mais que indicar o dia dessa presença indica a força da comunidade reunida. Por isso rezamos nos domingos: “Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos e exultemos nele”. Refere-se à Ressurreição e ao dia de sua manifestação. Mais que vencer a morte privilegia-se dar a vida. Constitui a comunidade e lhe dá a vida. Por isso, Lucas nos Atos dos Apóstolos insiste que o Espírito forma a comunidade para a escuta da Palavra, a comunhão fraterna, a fração do pão (Eucaristia) e as orações (At 2,42). A Ressurreição atua na comunidade. O que aconteceu com Jesus, ocorre na constituição da comunidade. Ela vive do Cristo vivo, ressuscitado e não apenas vive a esperança de sua vinda e na certeza da realização das promessas. Todos os domingos rezamos a profissão de fé: “Creio em Deus Pai...” É um modo de indicar que é o dia de professar a fé como Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A comunidade reunida é um testemunho da fé e da força da Ressurreição. Temos aí a razão da força da celebração dominical. 
1877. Envio para reconciliação 
Jesus foi enviado ao Pai para a reconciliação de todos com Deus. Essa foi sua missão e por ela se entregou totalmente até à morte. Sendo para nós sinal de vida. Como Moisés que sempre pedia que Deus perdoasse o povo, pois agia por ignorância e lembrava a Deus que Ele tinha se comprometido com juramentos de levar esse povo à terra prometida. Jesus, no momento da morte pede ao Pai que perdoe seus inimigos, e dá como razão: “eles não sabem o que fazem” (Lc 23,33). Quis sempre a reconciliação. Para isso é preciso sair de si e entregar-se ao outro. Para isso sopra sobre eles, lhes dá o Espírito Santo e diz: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). A missão da comunidade é reconciliar-se e promover a reconciliação para que o mundo creia. Esta é a economia de Deus. Significa: Tudo o que Deus fez foi para nos salvar. Esse foi o primeiro ato do Ressuscitado. Esse deve permanecer para sempre. Essa missão permanece na comunidade. Vivendo reconciliada de estabelece no mundo a reconciliação. Para isso ela recebe o Espírito do Ressuscitado. Não podemos ver aí só uma questão de confissão.
1878. Discípulos felizes 
A profissão de fé de Tomé que “viu para crer” torna-se a força da comunidade, pois sua felicidade consiste em crer sem ver. A fé não exige sinais, basta que o Espírito a confirme. Crer sem precisar tocar é mais que tocar para crer. Aqui age o homem, lá age a graça do Ressuscitado. A fé vai levar a tocar as feridas dos irmãos. Aí sim, tocamos o Ressuscitado que traz as marcas de sua Paixão. Não podemos viver sem a Paixão de Cristo, pois ela nos faz compreender o quanto o Senhor fez por nós e o quanto espera que cada um faça pelos outros. O toque pela fé penetra no mistério e nos atinge na totalidade. Jesus tinha razão em dizer que “felizes foram os que creram sem ter visto” (Jo 20,29).

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