segunda-feira, 10 de junho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Pregamos Cristo Crucificado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Um rei diferente! 
Desde a saída do Egito o povo de Israel era comandado por homens carismáticos que os dirigiam e socorriam nas desgraças. Em certo momento, no século onze exigiu que Samuel lhe dê um Rei “como têm os outros povos” (1Sm 8,5). O profeta e dirigente do povo, interpretou que o povo não quer Deus como seu rei. “É a mim que não querem”, diz Deus (7). O escolhido e ungido foi Saul. Desagradou a Deus e lhe retirado o Espírito. Davi foi ungido (1Sm 16,13). Deus lhe prometeu uma “casa que duraria para sempre”. A realeza judaica foi efêmera, tendo seu auge em Salomão. Os outros reis se deram à idolatria e exploração. Em Jesus, descendente de Davi, é cumprida a promessa. Os judeus esperavam um Messias glorioso que os libertasse dos inimigos. Mas Ele é um rei diferente e institui um Reino diferente, não para uma raça particular, mas para todos que O aceitam. A Igreja, continuando a missão de Jesus nem sempre pôs em prática seu ensinamento sobre a autoridade serviço: “O maior é aquele que serve. Eu que sou entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27). O povo acolheu Jesus. Os chefes O recusaram. O motivo foi sua realeza. Não estava conforme seus modelos. O modelo de Jesus corresponde ao desígnio do Pai: “Buscar as ovelhas perdida que eram os pecadores e os pobres que não tinham nenhuma esperança”. Quando está na cruz, recebe as zombarias dos chefes, dos soldados e dos ladrões crucificados com Ele. Foi um fracasso. Provocam dizendo: “Salva-Te a Ti mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido” ... Se és o rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!”(Lc 23,35-39). Interrogado por Pilatos responde: “Meu Reino não é desse mundo”...(Jo 18,36) 
Estarás comigo no Paraíso 
Jesus passou pela tentação do poder que possuía como Filho de Deus. Foi a mesma tentação que passou no deserto: “Se Tu és o Filho de Deus...”. Na cruz o ladrão O insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-Te a Ti mesmo e a nós!” Jesus quis permanecer no seu Paraíso que era sua entrega ao Pai pelo mundo. Ao ladrão que ficou bom ladrão, ao assumir Jesus recebe a melhor promessa do mundo. Diz: “‘Jesus, lembra-Te de mim, quando entrares no teu reinado’. Reponde: ‘Ainda hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’” (Lc 23,35-43). Jesus supera a tentação do poder tendo diante de si a imagem do Paraíso que era o Pai. Superou todo o desejo de glória. Todos nós que desejamos o Paraíso só o conseguiremos se buscarmos sempre o serviço humildade que crucifica todo orgulho, tendência ao poder e à mania de querer aparecer e dominar. A comunidade cristã é convocada a ser o Paraíso que é o Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz (Prefácio). A realeza de Jesus não é um projeto humano. É divino. 
Trocar de coroa 
Cristo morre prestando um grande serviço ao mundo de todos os tempos: Humilhou-Se. É o que vemos por todo lado, com dor, dentro da Igreja, mesmo nas comunidades pequeninas. Infelizmente A Igreja foi um reino ao lado dos outros, com a supremacia sobre o espiritual e o temporal. Papa era um rei como os monarcas medievais e renascentistas. Onde ficou o Jesus da Galiléia? Quando as Palavras de Papa Francisco ecoam como mudança, há uma rejeição injustificada. A pregação deve consistir num esforço conversão ao Cristo Crucificado, loucura para os gregos, escândalo para os judeus Para os que creem... (Cor 1,24). Não podemos pregar uma mudança se não tivermos em conta que a coroa que cinge a Igreja e cada cristão é a coroa do serviço e o amor dedicado.

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