sexta-feira, 10 de maio de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Assunção de Maria”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Maria do povo 
Há um grande carinho do povo de Deus para com uma mulher, Maria de Nazaré, que fez parte do povo e vive com ele e para ele. Estamos acostumados a ver imagens e pinturas de Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa. São de rara beleza. Mas nos esquecemos que sua imagem mais autêntica é de sua humanidade que é nossa humanidade. Por maiores que sejam os privilégios que tenha recebido, nada diminui seu ser mulher do povo, identificando-se com cada mulher. Certamente que as imagens e pinturas são bonitas e expressam nosso carinho e nossos sentimentos. A melhor imagem da Mãe de Deus e nossa, contudo, está no rosto queimado da mulher trabalhadora do campo e da cidade. Não é socialismo colocar Nossa Senhora como uma mulher do povo e pobre. Ser de Nazaré significava ser muito pouco. Já disseram sobre Jesus: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1,46). Nazaré era realmente, conforme estudos de arqueologia, um lugar muito pobre. Não diz que são maus, mas são humildes e simples, de beleza diferente. O Antigo Testamento diz que desse “resto fiel” viria a salvação. Só eles permaneceram fiéis a Deus. A simplicidade de Maria condiz bem com as palavras que diz: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,46). Essa pequenez e humildade não são atitudes somente espirituais, mas reais. São os humildes. Fugir da Maria simplesinha, mulher do povo, é um jeito de não assumir o compromisso com o povo. O evangelista fala dela com muita simplicidade, pois foi isso que compreendeu a partir de seu contato pessoal ou através dos relatos dos contemporâneos. Falar de sua Assunção é apontar nosso futuro.
Maria de Deus 
Deus tem um carinho especial para cada uma de suas criaturas. Deus é todo para cada uma. Todos são amados intensamente por Deus. Dele, não temos nada a receber, pois em Cristo já nos deu tudo (Rm 8,32). Quis que todos fôssemos seus filhos adotivos, filhos do coração. A todos deu os dons necessários para a vida e a salvação. A cada um deu dons para sua missão nesse mundo. Cada um participa do grande projeto de Deus de acordo com um plano misericordioso do Pai para participarmos da redenção e construção do mundo e de sua Igreja. Assim Maria, como todo ser humano, como todo cristão participa do plano de Deus e recebe uma missão particular. Ela foi escolhida para ser a Mãe de seu dileto Filho. É um dom e uma missão. A Igreja não inventa dogmas, verdades sobre Maria. Ela simplesmente reconhece o que a sagrada Tradição ensinou. A Escritura, entendida no seu sentido pleno, justificou. Encontramos no Antigo Testamento as profecias que ensinam o futuro Messias. Ensinam também sobre a vida da Igreja. Por isso podemos nos apoiar nas Escrituras para conhecer o Mistério de Cristo e de tudo que a Ele se refere. Não é a letra, mas a Vida Divina que dá vida a essas letras. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). Por isso podemos dizer que ela foi levada ao Céu. 
Rogai por nós 
Maria faz parte do Corpo de Cristo, faz parte também de sua vida e vitalidade. Ela, membro mais perfeito depois de Cristo, tem nesse Corpo de Cristo parte na saúde que o fortalece. E ela o faz por sua intercessão misericordiosa. Cristo é o único Mediador (1Tm 2,4). Maria participa dessa mediação enquanto parte de seu Corpo. Ela o faz como mediação suplicante. Com todo povo de Deus é intercessora: reza pela vida desse corpo. Tirar Maria do Mistério de Cristo é negar a Palavra. Subindo ao Céu leva nossa humanidade.

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