PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 43 ANOS SACERDOTE |
Maria do povo
Há um grande carinho do povo de Deus para com uma mulher, Maria de Nazaré, que fez parte do povo e vive com ele e para ele. Estamos acostumados a ver imagens e pinturas de Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa. São de rara beleza. Mas nos esquecemos que sua imagem mais autêntica é de sua humanidade que é nossa humanidade. Por maiores que sejam os privilégios que tenha recebido, nada diminui seu ser mulher do povo, identificando-se com cada mulher. Certamente que as imagens e pinturas são bonitas e expressam nosso carinho e nossos sentimentos. A melhor imagem da Mãe de Deus e nossa, contudo, está no rosto queimado da mulher trabalhadora do campo e da cidade. Não é socialismo colocar Nossa Senhora como uma mulher do povo e pobre. Ser de Nazaré significava ser muito pouco. Já disseram sobre Jesus: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1,46). Nazaré era realmente, conforme estudos de arqueologia, um lugar muito pobre. Não diz que são maus, mas são humildes e simples, de beleza diferente. O Antigo Testamento diz que desse “resto fiel” viria a salvação. Só eles permaneceram fiéis a Deus. A simplicidade de Maria condiz bem com as palavras que diz: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,46). Essa pequenez e humildade não são atitudes somente espirituais, mas reais. São os humildes. Fugir da Maria simplesinha, mulher do povo, é um jeito de não assumir o compromisso com o povo. O evangelista fala dela com muita simplicidade, pois foi isso que compreendeu a partir de seu contato pessoal ou através dos relatos dos contemporâneos. Falar de sua Assunção é apontar nosso futuro.
Maria de Deus
Deus tem um carinho especial para cada uma de suas criaturas. Deus é todo para cada uma. Todos são amados intensamente por Deus. Dele, não temos nada a receber, pois em Cristo já nos deu tudo (Rm 8,32). Quis que todos fôssemos seus filhos adotivos, filhos do coração. A todos deu os dons necessários para a vida e a salvação. A cada um deu dons para sua missão nesse mundo. Cada um participa do grande projeto de Deus de acordo com um plano misericordioso do Pai para participarmos da redenção e construção do mundo e de sua Igreja. Assim Maria, como todo ser humano, como todo cristão participa do plano de Deus e recebe uma missão particular. Ela foi escolhida para ser a Mãe de seu dileto Filho. É um dom e uma missão. A Igreja não inventa dogmas, verdades sobre Maria. Ela simplesmente reconhece o que a sagrada Tradição ensinou. A Escritura, entendida no seu sentido pleno, justificou. Encontramos no Antigo Testamento as profecias que ensinam o futuro Messias. Ensinam também sobre a vida da Igreja. Por isso podemos nos apoiar nas Escrituras para conhecer o Mistério de Cristo e de tudo que a Ele se refere. Não é a letra, mas a Vida Divina que dá vida a essas letras. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). Por isso podemos dizer que ela foi levada ao Céu.
Rogai por nós
Maria faz parte do Corpo de Cristo, faz parte também de sua vida e vitalidade. Ela, membro mais perfeito depois de Cristo, tem nesse Corpo de Cristo parte na saúde que o fortalece. E ela o faz por sua intercessão misericordiosa. Cristo é o único Mediador (1Tm 2,4). Maria participa dessa mediação enquanto parte de seu Corpo. Ela o faz como mediação suplicante. Com todo povo de Deus é intercessora: reza pela vida desse corpo. Tirar Maria do Mistério de Cristo é negar a Palavra. Subindo ao Céu leva nossa humanidade.
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