quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Paz que se constrói”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
1630. A realidade é a base
                        Vimos na reflexão anterior, “O fruto da paz”, paz não é sossego. É necessário paciência e dar tempo ao tempo. Só conseguiremos paz se houver unidade. O que queremos para mundo vá além da política e dos interesses econômicos. Ela está no coração curado de todo ódio e discriminação e aberto para acolher o diferente e fazer corpo na procura do bem de todos. Quem está bem consigo supera muitos obstáculos para criar  unidade e ter paciência para esperar que os tempos amadureçam. O texto do Papa Francisco encanta. Por isso é bom lê-lo por completo e não só nos comentários. O Papa se mostra sempre pastor que conhece o rebanho e tem muita prática em lidar com realidades difíceis, por isso coloca como o terceiro princípio para “orientar o desenvolvimento da convivência social e a construção de um povo onde as diferenças se harmonizem dentro de um projeto comum” (Evangelii Gaudium –EG – 221). Este princípio é a relação entre idéia e realidade. A realidade simplesmente é; a ideia elabora-se. Somos convidados a estabelecer um diálogo constante para evitar separar a ideia da realidade. É perigoso viver só de idéias. O Papa afirma com firmeza: “A realidade é superior à ideia. Isso supõe evitar várias formas de ocultar a realidade”. E define quais são essas formas: “Os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os nominalismos declaracionistas, os projetos mais formais que reais, os fundamentalismos anti-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria”(EG 231). Vemos como esses nomes trazem em si grupos que os vivem e praticam, passando sobre os mais simples ensinamentos do Evangelho e da razão humana.
1631. A ideia que constrói
            A idéia está a serviço da compreensão e condução da realidade. A idéia desligada da realidade dá origem a idealismos que não empenham. O Papa reconhece que o que empenha é a realidade iluminada pelo raciocínio. Às vezes o povo não compreende o que pregamos, ou pior, pode-se criar um espiritualismo que não transmite a Verdade. É de se perguntar se a culpa não está em nós que não conhecermos a realidade do povo. O motivo é que não falamos sua língua. A Igreja não é museu nem lugar de shows de fogos de artifício como diz Papa Francisco. A realidade é superior à ideia (EG 233). Partimos da compreensão da Encarnação. Encarnar-se é essencial à evangelização. Jesus fala de não construir sobre a areia. É preciso ter os pés no chão, não no abstrato. O Papa convida a também não ficarmos presos a questões limitadas, mas termos uma perspectiva mais ampla. Não se trata de aniquilar a identidade, mas integrar-se na comunidade. As muitas faces se integram guardando sua originalidade que contribui para sua beleza e riqueza.
1632. O Evangelho como escola
O Evangelho de Jesus é o modelo acabado para esse novo modo de vida no qual as partes se formam e se enriquecem por um todo que as assume. O Evangelho é todo para todos. A “mística popular” acolhe, a seu modo, o Evangelho inteiro e o encarna em expressões de oração, fraternidade, de justiça, de luta e de festa (EG 237). É o que lemos na parábola da ovelha perdida que é procurada por ser parte de um rebanho. Deus não quer que se perca nenhum e seja reintegrado no seu rebanho. O Papa continua com o frescor do Evangelho: “Ele é o fermento que leveda a massa e a cidade que brilha no cimo do monte iluminando todos os povos. O Evangelho possui um critério de totalidade... e fecunda e cura as dimensões do homem... ” até reunir todos à volta da mesa do Reino (EG 237).
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