segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Beato Mariano de la Mata, religioso, +1983

31 de dezembro de 1905. No aconchego de uma família eminentemente cristã, nasceu, em Barrio de la Puebla, Palência (Espanha), o menino Mariano. Seus pais, Manuel e Martina, foram formando a consciência e educando o filho Mariano e os outros sete irmãos (três varões e quatro mulheres), semeando com a palavra e o testemunho de uma vida verdadeiramente cristã, a semente da fé e do amor, que seriam depois a essência da vida daquele menino. Nesse ambiente familiar e cristão, não foi difícil surgir a vocação para a vida sacerdotal e religiosa agostiniana; vocação ainda reforçada pelo incentivo dos outros três irmãos varões, que também tinham abraçado a Ordem Agostiniana. O menino Mariano fez os primeiros estudos de latim na pequena cidade vizinha de Barriosuso de Valdavia. Em 29 de agosto de 1921, ingressou no seminário agostiniano de Valladolid, Espanha, completando, assim, o marco agostiniano mais precioso daquela família abençoada. 
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De ânimo sereno e honesto nas suas atitudes, vive o seu primeiro período de formação em Valladolid, preparando-se para compromissos posteriores. No dia 10 de julho de 1922, realiza a sua primeira profissão (dos votos religiosos de pobreza, obediência e castidade). No dia 2 de janeiro de 1926, por meio da profissão solene, se entrega, definitivamente, à Ordem Agostiniana. Em 25 de julho de 1930 é ordenado sacerdote. Estava pronto para iniciar sua missão e coroar definitivamente sua vocação. Pe. Mariano era sacerdote e agostiniano. Estava preparado para os grandes desafios que a obediência deveria encomendar-lhe na Espanha e, a partir de 21 de agosto de 1931, em terras brasileiras. Aqui chegou em 21 de agosto de 1931 e atuou na paróquia de Taquaritinga. Em 1933, foi transferido para o Colégio Santo Agostinho, de São Paulo, onde foi professor, secretário e ecônomo. Entre 1945 e 1948, foi superior da Vice-província Agostiniana do Brasil. Em 1949, foi para o Colégio de Engenheiro Schmidt, onde foi diretor, por três anos, e professor e conselheiro da Vice-província, até 1960. Em 1960, transferiu-se de novo para o Colégio de Santo Agostinho, de São Paulo, onde permaneceu até o fim da vida. O exemplo dos tios, Pe. Hermenegildo, Ir. Tomás, Ir. Baltasar e Pe. Mariano, penetrou no mais íntimo dos lares das quatro irmãs, de tal maneira que, anos depois, abraçariam também a vida religiosa agostiniana três sobrinhos e três sobrinhas. Como gostava o Pe. Mariano de viver intensamente essa feliz realidade agostiniana, que tanto enriquecia e unia aquelas quatro famílias! Para os sobrinhos, o Pe. Mariano era o "tio". Assim o chamavam os sobrinhos com muito carinho. Dois deles acompanhariam, bem de perto, os últimos momentos da sua vida aqui na terra, vindos da Colômbia e do Peru, onde realizavam o seu trabalho pastoral e missionário, como religioso e religiosa agostinianos. A natureza o contagiava. O cultivo e cuidado das plantas e das flores eram seu divertimento. Falava com elas, acariciava suas folhas, se emocionava diante delas. Cada planta, mesmo a mais raquítica e pouco vistosa, para nós sem valor, era para Pe. Mariano, uma exaltação da beleza da criação. Tinha seu jardim no terraço do Colégio. Ali estava nos seus momentos de relaxamento. Essa sensibilidade adquiria uma dimensão portentosa quando se tratava da família, dos amigos, dos ex-alunos, dos sofredores, dos mais necessitados. É difícil esquecer aquele momento, quando recém operado de catarata em Belo Horizonte, em visita realizada à Igreja, emocionado exclamou, ao ver a imagem de Nossa Senhora da Consolação: "Estou vendo as suas cores". Acolhia com alegria, se entregava com generosidade, acompanhava com espírito samaritano, servia com o coração aberto. Possuía um coração verdadeiramente sensível. Grandes amores do Pe. Mariano: a eucaristia – Nossa Senhora – as crianças – os pobres – os enfermos. Grandes paixões do Pe. Mariano: a natureza – a família – as oficinas de Santa Rita de Cássia – as vocações agostinianas. De caráter firme, mas generoso, espontâneo, desprendido e muito sensível diante da dor; de talante samaritano e autêntico servidor, o Pe. Mariano terá sua vida marcada pelo amor aos que sofrem. Verdadeiro mensageiro do amor, levará aos doentes o conforto da sua presença e da sua palavra de esperança. Não importavam as deficiências auditivas e visuais que o acompanharam durante muitos anos de sua vida. O amor era mais forte, a caridade o impelia, "a morte não espera", dizia, a solidão aumenta a dor. Sem preocupação de horários, saía o Pe. Mariano pela cidade de São Paulo, com seu fusca, sem pensar em riscos, enfrentando desafios, mas animado por uma alegria interior e levando um raio de esperança aos doentes e aos que precisavam do seu amor, assim como o incentivo da sua presença e da sua palavra às Associadas das Oficinas de Caridade de Santa Rita de Cássia. Verdadeiro mensageiro do amor, alegrou muitos lares, confortou muitas vidas, foi portador de esperança para muitos desanimados. Sua maneira de falar e sua figura austera, o carinho que colocava no que realizava e o sacrifício da sua vida, transformada num contínuo ato de amor, fizeram do Pe. Mariano um verdadeiro apóstolo da caridade. Os doentes eram o seu ponto forte: uma necessidade de um doente antepunha-se a tudo. Nunca tinha preguiça para deixar o que quer que fosse, de dia e de noite, para atender os doentes. Ao saber que em alguma família havia algum doente, lá estava ele confortando o enfermo e os familiares. Era muito conhecido no Hospital do Câncer, por exemplo. Sua presença era um bálsamo, levando a comunhão e os demais sacramentos. Lá ele gozava fama de santo, parecendo o Cristo, semeando coragem e entrega total a Deus. Será enfim essa mesma doença que o levará um dia para o céu. Como Cristo, Pe. Mariano foi o cordeiro levado ao matadouro e imolado, sem se queixar, sem murmurar, crucificado no seu leito de dor. Faleceu no dia 5 de abril de 1983.

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