Lendo a instrução do Papa Francisco
sobre a santidade e espiritualidade, sabemos que Deus nos chama, cada um por
seu caminho e em suas condições pessoais. Isso parece tão claro e óbvio. Mas
não era assim. Vemos que os primeiros santos brasileiros só aparecem há poucos
anos. Dizia-se: “Brasileiro não vira santo”. Os modelos pareciam não ser
humanos e eram impecáveis, o que impedia os “pobres pecadores” de chegarem à
santidade. Cada um é santo de um jeito e nas suas condições. E diz o Papa: “Isto
deveria entusiasmar e animar cada um a dar o melhor de si mesmo para crescer
rumo àquele projeto, único e irrepetível, que Deus quis, desde toda a eternidade”
(GE 13). Não se trata de relaxar a verdade. Mas todos podem viver o mandamento
do amor. Cada um apresenta um aspecto de santidade. A santidade não é reservada
a poucos. Mas todos recebem o chamado desde o seio materno como foi com
Jeremias (Jr 1,5). Não há uma categoria reservada. Os
que vivem as ocupações de cada dia também podem e devem ser santos. A santidade
se faz no normal da vida, sem mistérios, dando testemunho nas ocupações em que
vive. S. Francisco de Sales e S. Afonso ensinam isso como elemento importante na
vida da Igreja. Os padres, os bispos, os religiosos e o povo também devem ser
santos. E nem sempre somos. S. João
Paulo II, quando criticavam que ele fazia muitos santos, respondeu que tinha
feito santos muitos leigos, jovens e crianças. Lembramos os pastorinhos de
Fátima. Sabemos que há muita gente fora da Igreja que vive a santidade da
justiça e do amor.
2086. Graça do
Batismo
Pelo Batismo todos
nós recebemos esse chamado. É nele que se fundamenta a santidade, pois nos dá a
graça santificante e nos põe no caminho da prática do Evangelho. “Deixa que a
graça do teu Batismo
frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e,
para isso, opta por Ele, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, porque tens a
força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o
fruto do Espírito Santo na tua vida" (Gl 5,22-23). Veja como o Papa é
humano no caminho da santidade. Isso é experiência pessoal: “Quando sentires a tentação de te atrapalhar na tua
fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: ‘Senhor, sou um
miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor’. Na
Igreja, santa, formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para
crescer rumo à santidade. O Senhor cumulou-a de dons com a Palavra, os
Sacramentos, os santuários, a vida das comunidades, o testemunho dos santos e
uma beleza multiforme que deriva do amor do Senhor” (GE 15). A santidade não depende só de nossos esforços pessoais. Temos o apoio
de tantos meios na vida da Igreja a começar pela graça do Batismo que nos faz
filhos de Deus.
2087. Pequenos
gestos
“Esta santidade a que o Senhor te chama, irá
crescendo com pequenos gestos” (GE 16). Há um segredo na santidade sem
grandes gestos e acontecimentos. Um beato redentorista, Gaspar Stanggassinger, em
seu processo e beatificação houve a observação de um examinador: “Ele não fez
nada de extraordinário”. A resposta foi simples: “Ele viveu de modo
extraordinário, as coisas ordinárias da vida”. Podem aparecer grandes desafios,
como no caso dos mártires. Mas o Senhor não abandona. O Papa conclui: “Deste
modo, sob o impulso da graça Divina, com muitos gestos, vamos construindo
aquela figura de santidade que Deus quis para nós: não como seres auto-suficientes,
mas ‘como bons administradores das várias graças de Deus”’(1Pd 4,10) (GE18). Participamos de sua
Ressurreição.
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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