Vivemos
num tempo muito bonito que se enriquece e se desenvolve dando sempre maior
valor ao ser humano. Quando colocamos o convite à perfeição do ser humano, na
perspectiva espiritual, não temos tanto espaço. Aqui entra a palavra moral que
quase sempre é colocada como estraga prazeres. Quando se fala de normas é comum
se apelar para liberdade das pessoas como se a moral fosse repressão. É
repressora quando a entendemos mal. A palavra moral, que está ligada a
costumes, refere-se ao prático da vida. A boa compreensão permite perceber que
ela estimula nossa liberdade e nos livra de sermos sujeitos a outros patrões.
Moisés recebeu a lei dos 10 mandamentos que concentram em poucas palavras o
relacionamento com Deus fundado no amor e no acolhimento de sua santidade e no
relacionamento com o próximo. Com relação ao próximo ela estimula e protege a
vida, a família, o amor, os bens, a dignidade da pessoa e a própria
consciência. É uma síntese perfeita de tudo que precisamos para bem viver. São
setas indicativas para o bom caminho. O que oprime as pessoas é o moralismo
que, em muitos casos é doentio e até falso. No sermão da montanha Jesus não
elimina os mandamentos, mas os leva ao coração do amor. Nas oito
bem-aventuranças temos a nova lei. Mais que um dever elas são expressão do
ensinamento: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt
5,48).
Dizendo que temos o direito de ser bons. A moral é a prática da lei do amor que
nos leva a caminhar para a perfeição, isto é, a capacidade de crescer. Ela é
estimuladora do desenvolvimento integral e livre do ser humano.
1445.
Entre a fragilidade e a perfeição
Ser
frágil é um dos maiores privilégios da pessoa humana. Todos os animais já
nascem como que completos. Em pouco tempo estão em total atividade. Mas não vai
além disso. Ser frágil é poder crescer sempre. Fragilidade nos mostra o sentido
da procura do aperfeiçoamento do ser. É perfeito porque é frágil, incompleto,
carente. Sempre pode ser mais, receber mais e crescer mais. Mesmo na
espiritualidade, no crescimento em Deus, mais frágil se torna, uma vez que tem
em si a grande batalha para superar as dificuldades e carências. Os seguimentos
da vida e da sociedade são falhos, por perfeitos que sejam. Digo, por exemplo,
da vida de Igreja, de família, vida religiosa que deixam muito a desejar.
Justamente por isso são ótimos, sempre podem ser melhores. Estamos em batalha
contra os defeitos, batalha para sair de si e viver com os outros. Quanto
maiores e mais santos formos, menores nos descobrimos e menos santos nos
achamos. Ser perfeito como o Pai, significa crescer sempre. A moral ajuda a
descobrir os caminhos novos para aprofundar o ser humano em sua totalidade
humana e espiritual.
1446.
Misericórdia como mestra
O
frágil ser humano não está sob 100% impossível de ser atingido justamente
porque é crescimento. A mestra da vida é a misericórdia. Não se trata de ceder
ao mal e à falta de compromisso. Lembramos as palavras de Jesus que ensinam a
sentir o que o outro sente, colocar-se no lugar dele e compreendê-lo. É a
atitude de Deus que se fez homem para que o homem sentisse que o compreende
porque se fez também um de nós. Jesus Se compadecia do sofrimento e Se
reconhecia como remédio para os males. Não só é preciso ter misericórdia dos
outros, como ter misericórdia de si mesmo, saber-se fraco e dar-se uma nova
chance, aceitar com humor as próprias fragilidades. Acolhemos a fé com alegria.
A moral é viver esta fé no concreto da vida. Podemos mostrar a alegria de ter
fé.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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