Orígenes,
filho do mártir S. Leônidas, é um dos maiores gênios do Cristianismo. Nascido
em Alexandria 185, faleceu em Cesareia em 254. Era pregador leigo. Impuseram
que ficasse sacerdote para pregar na Igreja. Ele era o grande homem da Sagrada
Escritura e da teologia. Em sua sabedoria ele disse que “A Bíblia tem infinitos
sentidos”. Não porque diz o que se quer, mas, por estar unida ao Espírito que a
inspirou, sempre poderá nos iluminar mais, pois a Palavra é vida. Diz Jesus:
“As palavras que vos disse são espírito e vida” (Jo 6,69). Ela é fonte que jorra sem cessar a mesma água,
sempre nova e sempre viva. Esse modo de compreender a Palavra orienta-nos mais
ainda em sua compreensão. Ela não é mágica, como se faz às vezes abrindo a
bíblia a esmo e dizendo: ‘Olha o que Deus fala para você’. Isso se chama tentar
a Deus. Pode dizer muitas coisas, pois é rica de sentidos, mas não desse modo.
O primeiro sentido da Palavra é aquele que lhe deu o escritor guiado pelo
Espírito Santo. É o sentido literal. Estava destinado para o momento em que a
Palavra foi dita. Contudo vai além e se torna Palavra orientadora em qualquer
circunstância, pois tem a Vida Daquele que a pronunciou. A Palavra se abre para
nos ajudar a interpretar o momento que vivemos. Em se tratando do Antigo
Testamento deverá sempre ter em referência à Palavra do Novo Testamento que
completa o sentido do Antigo, superando o que é estritamente cultural e local.
Ela não pode servir de suporte para falarmos o que queremos, como
instrumentalizar a Palavra para provar nossas idéias. Num ensinamento devemos
buscar a fundamentação da Palavra, não forçar a Palavra no que ela não diz. Ela
deve ser vista no seu conjunto. Quanto mais nos aprofundamos, mais podemos
entender seu sentido. É preciso ser discípulo que ouve (Is 50,4). Como tem infinitos sentidos, sempre haverá aquele
que o Espírito põe em nosso coração para ser
luz em caminho da salvação.
1319. Dinâmica da Palavra
Quando
falamos que fazemos parte das religiões do Livro, não nos colocamos como que
escravos da Palavra, mas participantes de sua vitalidade. Ela exerce sobre nós
um processo de transformação. Podemos fazer uma comparação com o dinamismo da
Eucaristia em nós. Ao
comungarmos o Corpo de Cristo acontece em nós uma transformação. Ao
assimilarmos o Pão e Vinho Consagrados somos assimilados pelo Senhor que nos dá
sua vida: Quem se alimenta de mim viverá por mim (Jo 6,57). É a Vida de Cristo que age em nós. Não sou eu quem vive,
é Cristo que vive em mim (Gl 2,20).
Do mesmo modo a Palavra não é só um conhecimento, mas uma assimilação de Vida.
Ela realiza em nós a transformação em Cristo. Por isso, ouvir, ler, meditar não é só um
método, como o fazemos com as ciências. É uma participação e ao mesmo tempo uma
comunhão. Por isso os profetas usam os símbolos do alimento para explicar a
Palavra.
1320. Multiplicando o Pão
da Palavra
No momento de sua Ascensão, Jesus enviou seus
discípulos em missão: “Ide por todo mundo e fazei discípulos meus todas as
nações (Mt 28,19). Este
mandato não era somente uma ordem de serviço, era transmissão de uma modo de presença de Jesus
que continua nos discípulos sua missão. Continuavam sua presença e missão. A
Palavra ouvida e assimilada como alimento de Vida se faz anúncio para que
outros a tomem igualmente. A força da Palavra está em transmitir vida. Não se
trata só de um conhecimento intelectual, mas do acolhimento de uma Pessoa. A
Palavra que se fez carne agora se encarna nas muitas situações.
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