quinta-feira, 8 de março de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Nossos olhos viram”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADOS
1324. Nossos corações contemplaram
            Trazemos para dentro de nosso coração o divino espanto que sentimos diante das riquezas da comunicação de Deus através de Sua Palavra. Esta Palavra criadora sustenta a vida eterna que Jesus nos deu. Deus, como a filhinhos queridos, nos alimenta de tantos modos para que em nós se forme a imagem de Seu Filho. Somos revestidos por Ele para que continuemos Sua presença e Sua missão. Como falou de muitos modos outrora a nossos pais pelos profetas (Hb 1,1), continua a instruir nossos corações para que tenham sempre desenhada diante dos olhos suas maravilhas. Jesus instituiu a Eucaristia para que Sua memória salvadora permanecesse entre nós. Mas esta vai além da Eucaristia. Ela continua diante de nossos olhos as maravilhas de Seu amor. Somos continuamente estimulados a contemplar, como nos ensina João: “O que nossos ouvidos ouviram, o que nossos olhos contemplaram e nossas mãos apalparam do Verbo a Vida, nós vós anunciamos para que tenhais comunhão conosco”... (1Jo 1,1-2). A salvação se realiza não só com palavras e atitudes, mas com a contemplação. Contemplação é um passo a mais no acolhimento da Palavra. Fazemos tantos gestos religiosos de participação e de oração. Mas é necessário levar tudo isso para laboratório do coração onde será transformado e digerido como alimento. Maria guardava todas essas palavras e acontecimentos, “meditando-os em seu coração” como vemos na visita dos pastores e depois do encontro de Jesus no templo (Lc 2,10;2,51). Jesus também contemplava em seus muitos momentos em oração. Fazemos prolongadas orações. Serão melhores se forem digeridas no coração. Quando Jesus diz à samaritana que devemos orar em espírito e verdade, está transformando o universo num grande sacrário onde sempre podemos estar em contemplação ante maravilhas de Deus. Não necessitamos mais de lugares para contemplar. O coração humano pode estar em contato imediato ao Deus tão a altura da mão e do coração.
1325. O que fizestes a nossos pais
            O reconhecimento das obras que Deus realizou percorreu a História da Salvação e sustentou seu povo. O salmo diz que o levou como a águia leva seus filhos sob suas asas (Dt 32,11). Na contemplação desta bondade de Deus o povo sempre sentiu segurança em seus momentos de sofrimento e pecado. No sofrimento clamavam a Deus para que se recordasse de suas maravilhas de outrora. Estas foram o fio condutor de sua história até o momento da vinda do Filho de Deus que, em sua Ressurreição, levou ao máximo esta obra redentora e recriadora do universo. As ações de Deus constituem a história do povo. Na ceia pascal, os judeus lembram que Deus fez muito e, como se não bastasse, fez obras maiores ainda. Se contemplarmos com os olhos da fé, podemos ver que as ações de Deus no meio de nós se repetem e são ainda maiores. Deus faz nossa história se tornar história de salvação
1326. Tudo canta de alegria
            Na contemplação de Deus, unimos toda a natureza criada. O ser humano sabe que não vive só, mas está unido aos outros e ao universo. Sabe unir sua contemplação à voz de todas as criaturas. Elas não só são estímulo e motivo para o louvor, mas louvam através da voz do povo o Criador que as conhece e ama. Jesus disse que nenhum passarinho cai sem o consentimento do Pai (Mt 10,29). O sofrimento do universo, como nos ensina Paulo, é sanado pela redenção de Cristo vivida por seu povo. Contemplando o universo podemos chegar ao conhecimento do Criador (Rm 1,20). Pela fé podemos uní-lo a nossa contemplação como o Cristo que uniu a Divindade à Humanidade para a redenção.
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