Trazemos para dentro de nosso coração o divino
espanto que sentimos diante das riquezas da comunicação de Deus através de Sua
Palavra. Esta Palavra criadora sustenta a vida eterna que Jesus nos deu. Deus,
como a filhinhos queridos, nos alimenta de tantos modos para que em nós se
forme a imagem de Seu Filho. Somos revestidos por Ele para que continuemos Sua
presença e Sua missão. Como falou de muitos modos outrora a nossos pais pelos
profetas (Hb 1,1), continua
a instruir nossos corações para que tenham sempre desenhada diante dos olhos suas
maravilhas. Jesus instituiu a Eucaristia para que Sua memória salvadora
permanecesse entre nós. Mas esta vai além da Eucaristia. Ela continua diante de
nossos olhos as maravilhas de Seu amor. Somos continuamente estimulados a
contemplar, como nos ensina João: “O que nossos ouvidos ouviram, o que nossos
olhos contemplaram e nossas mãos apalparam do Verbo a Vida, nós vós anunciamos
para que tenhais comunhão conosco”... (1Jo 1,1-2). A salvação se
realiza não só com palavras e atitudes, mas com a contemplação. Contemplação é
um passo a mais no acolhimento da Palavra. Fazemos tantos gestos religiosos de
participação e de oração. Mas é necessário levar tudo isso para laboratório do
coração onde será transformado e digerido como alimento. Maria guardava todas
essas palavras e acontecimentos, “meditando-os em seu coração” como vemos na
visita dos pastores e depois do encontro de Jesus no templo (Lc
2,10;2,51). Jesus também contemplava em
seus muitos momentos em
oração. Fazemos prolongadas orações. Serão melhores se forem
digeridas no coração. Quando Jesus diz à samaritana que devemos orar em
espírito e verdade, está transformando o universo num grande sacrário onde
sempre podemos estar em contemplação ante maravilhas de Deus. Não necessitamos
mais de lugares para contemplar. O coração humano pode estar em contato
imediato ao Deus tão a altura da mão e do coração.
1325. O que fizestes a nossos pais
O reconhecimento das obras que Deus realizou percorreu
a História da Salvação e sustentou seu povo. O salmo diz que o levou como a
águia leva seus filhos sob suas asas (Dt 32,11). Na contemplação desta bondade de Deus o povo sempre
sentiu segurança em seus momentos de sofrimento e pecado. No sofrimento clamavam
a Deus para que se recordasse de suas maravilhas de outrora. Estas foram o fio
condutor de sua história até o momento da vinda do Filho de Deus que, em sua Ressurreição,
levou ao máximo esta obra redentora e recriadora do universo. As ações de Deus
constituem a história do povo. Na ceia pascal, os judeus lembram que Deus fez
muito e, como se não bastasse, fez obras maiores ainda. Se contemplarmos com os
olhos da fé, podemos ver que as ações de Deus no meio de nós se repetem e são
ainda maiores. Deus faz nossa história se tornar história de salvação
1326. Tudo canta de alegria
Na contemplação de Deus, unimos toda a natureza
criada. O ser humano sabe que não vive só, mas está unido aos outros e ao
universo. Sabe unir sua contemplação à voz de todas as criaturas. Elas não só
são estímulo e motivo para o louvor, mas louvam através da voz do povo o
Criador que as conhece e ama. Jesus disse que nenhum passarinho cai sem o
consentimento do Pai (Mt 10,29). O
sofrimento do universo, como nos ensina Paulo, é sanado pela redenção de Cristo
vivida por seu povo. Contemplando o universo podemos chegar ao conhecimento do
Criador (Rm 1,20). Pela fé
podemos uní-lo a nossa contemplação como o Cristo que uniu a Divindade à Humanidade
para a redenção.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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