Em nossa caminhada rumo à Páscoa acompanhamos
Jesus em seu deserto e em sua tentação, mas O seguimos também em sua
glorificação. No primeiro domingo da Quaresma contemplamos Jesus que sofre a
tentação e a vence. A Transfiguração
mostra-nos a vitória que teremos. Ela faz ver aos discípulos que o sofrimento
da Paixão e Morte é passagem para a glorificação da Ressurreição (prefácio). O escândalo da fragilidade é vencido pela
certeza da divindade do Filho junto ao Pai. Esse momento no caminho de Jesus é
uma orientação para a comunidade dos discípulos sobre a função da Lei e da
Profecia, simbolizadas nas duas maiores personagens do Antigo Testamento:
Moisés e Elias. Pedro reflete a mentalidade de muitos cristãos de continuarem
no Antigo Testamento ao dizer, quando Elias e Moisés já estão se indo: “É bom
estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra
para Elias. Pedro não sabia o que estava dizendo” (Lc
9,33). Está como a dizer: vamos
continuar no Antigo Testamento e Jesus compõe com os dois maiores. Era uma
tentação grande, sobretudo dos cristãos vindos do judaísmo. A resposta do Pai
se faz ouvir: “Da nuvem saiu uma voz que dizia: ‘Este é meu Filho, o Escolhido’” (35). De agora em diante é Ele quem fala. Lucas nos
trará esse pensamento mais claro quando diz: “A Lei e os Profetas vieram até
João! Daí em diante, é anunciada a boa Nova do Reino de Deus e todos se
esforçam por nele entrar, com violência” (Lc 16,16). Ao lado da gloriosa manifestação temos as
palavras de Jesus anunciando o sofrimento que passaria na Paixão e Morte. Os
discípulos não entenderam, mas ficaram calados. Pedro e os companheiros viveram
um momento na glória de Cristo e gostaram, tanto assim que queriam permanecer
naquele estado. Contudo, havia um caminho de Calvário a perfazer.
Deus fez aliança
Deus fez aliança com Abraão, numa maravilhosa
teofania (manifestação de Deus). Abrindo os animais ao meio e passando entre
eles se põe na mesma situação se não cumprir o pacto com Deus. E Deus faz o
mesmo comprometendo e celebrando o sacrifício. Na Quaresma deste ano refletimos,
na primeira leitura as alianças de Deus com a humanidade. Em Abraão Deus
continua seu desígnio, não correspondido por Adão. Essa aliança culminará em
Cristo. Não mais uma terra, mas a vida eterna nos é dada em Cristo
Ressuscitado. No seio de Abraão já palpita o Ressuscitado.
Seremos semelhantes a Ele
A nossa transfiguração acontecerá a partir do
momento em que ouvirmos a Palavra do Filho e a colocarmos em prática. Pedro e
os outros discípulos percebem a presença da divindade. Nós caminhamos na
presença de Deus. Por isso Paulo diz que “Somos cidadãos do céu... Ele
transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu corpo
glorioso” (Fl 3,20-21). Como a Quaresma tem também o caráter de preparação para o batismo ou
renovação das disposições batismais, a transfiguração nos mostra o que realiza
em nós esse sacramento. A espiritualidade cristã não é fazer muitos atos
espirituais, mas acolher a Palavra de Jesus e assim nos transformarmos para
viver mais intensamente a dimensão Divina que recebemos dos sacramentos,
principalmente Batismo e Eucaristia. Por isso: “Continuai firmes no Senhor!” (Fl
4,1).
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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