sábado, 5 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Bendito o que vem!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA, REDENTORISTA
O exemplo de humildade
               As celebrações do Domingo de Ramos são uma síntese de toda a Semana Santa, de modo particular do Tríduo Pascal. Dá-nos visão do sofrimento que culmina na ressurreição e na glória do Filho de Deus. Podemos, deste modo, entender o mistério de Jesus em seu conjunto. Sua morte não foi uma fatalidade, mas o caminho pelo qual se fez o servo que carrega sobre si os sofrimentos do povo (Is 53,4). A celebração inicia-se com uma procissão que vem de um lugar fora da igreja. É um modo de repetir o gesto de Jesus, fazendo assim memória de sua entrada na cidade santa. Este ato quer lembrar que Jesus é o Rei Messias prometido que entra em sua cidade como um rei, montado num jumento, que não era um animal de guerra. Ele é o rei pacífico que vem trazer a paz. Quando Ele chora sobre a cidade, diz: “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz” (Lc 19,42). Trata-se da paz completa que Deus dá. Os mantos estendidos reconhecem sua realeza. O povo gritava “Hosana!”. É uma aclamação que lembra a Divindade. Lembramos que a Igreja deve ser sempre pacífica e promotora de paz. Nesta celebração recebemos o ensinamento da Paixão que conduz à ressurreição. Notamos nos textos de hoje a insistência sobre a humildade. Não significa abaixamento, destruição de si, mas misericórdia e compaixão que acolhe. Na carta aos Filipenses Paulo nos ensina o que aprendeu no hino que as comunidades cantavam. Ele não se apegou à glória da divindade, mas esvaziou-se, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens (Fl 2,6-8). Este ensinamento atravessa esses dias, e nós o veremos na Ceia quando lava os pés dos apóstolos. Faz-se escravo, pondo-se a serviço. Em nossa prática religiosa e na política da Igreja, corremos o risco de justificar a busca de glória e de poder que não estão no exemplo de Jesus. Isso pode levar inconsistência no testemunho. Diz Ele: “Entre vos não será assim” (Mt 20,26).
Humilhou-se até à morte
               Rezamos na oração da missa: “Concedei-nos aprender do ensinamento de sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. Jesus chama a segui-lo e mostra nossa participação no seu sofrimento: “Se alguém quer me servir, siga-me e onde estou eu, aí também estará o meu servo” (Jo 12,6). Ele é a escola: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprende de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). No contexto da entrega sacrifical de Jesus ao Pai pelo mundo, surge sempre a figura do cordeiro manso, que não abriu a boca: “como a ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca” (Is 53,7).
Deus O exaltou
               Como na piedade popular, a Semana Santa não termina na procissão no enterro, mas na gloriosa procissão que Ele encabeça, em sua ressurreição, rumo ao Pai quando Lhe entregará o Reino (1Cor 15,24). Jesus assume a natureza humana por completo e confia no Pai. Por isso o Pai Lhe dá a vitória sobre a morte, não só para si, mas para todos os que Nele creem: “Quem crê, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6,40). Celebrando a Páscoa de Jesus, acompanhemos com amor seus passos que são os nossos. A Ressurreição é o fundamento de nossa fé. Ele nos remiu com sua Morte e Ressurreição.

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