Evangelho segundo S. João 14,1-6.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se
acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas
moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo,
para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o
caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos
conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim.
Tradução litúrgica
da Bíblia
Comentário do dia:
Catecismo da Igreja
Católica
§ 257-258, 260
«Ninguém vai ao Pai senão por Mim»
«Ó luz, Trindade bendita, ó primordial
Unidade!» Deus é beatitude eterna, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor:
Pai, Filho e Espírito Santo. Livremente, Deus quer comunicar a glória da sua
vida bem-aventurada. Este é o desígnio de benevolência (Ef 1,9) que Ele concebeu
desde antes da criação do mundo no seu Filho bem-amado, predestinando-nos à
adoção filial neste (Ef 1,5), isto é, a reproduzir a imagem de seu Filho (Rom
8,29) graças ao «espírito de adoção filial» (Rom 8,5). Esta decisão prévia é uma
«graça concedida antes de todos os séculos» (2Tim 1,9), proveniente diretamente
do amor trinitário. Ele desdobra-se na obra da criação, em toda a história da
salvação após a queda, nas missões do Filho e do Espírito, prolongadas pela
missão da Igreja.
Toda a economia divina é obra comum das três Pessoas
divinas. Pois, da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma
natureza, assim também não tem senão uma única e mesma operação. O Pai, o Filho
e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio.
Contudo cada pessoa divina cumpre a obra comum segundo a sua propriedade
pessoal. Assim a Igreja confessa, na linha do Novo Testamento, um Deus e Pai, do
qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo, mediante o qual são todas as
coisas, um Espírito Santo, em quem são todas as coisas. São sobretudo as missões
divinas da encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as
propriedades das Pessoas divinas. O fim último de toda a economia divina
é a entrada das criaturas na unidade perfeita da Santíssima Trindade. Mas desde
já somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: «Se alguém Me ama»,
diz o Senhor, «guardará a minha palavra, meu Pai o amará e viremos a ele, e
faremos nele a nossa morada» (Jo 14,23). «Ó meu Deus, Trindade que
adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para firmar-me em Vós, imóvel e
pacífica, como se a minha alma já estivesse na eternidade: que nada consiga
perturbar a minha paz nem fazer-me sair de Vós, ó meu imutável, mas que cada
minuto me leve mais longe na profundidade do vosso mistério! Pacificai a minha
alma! Fazei dela o vosso céu, a vossa amada morada e o lugar do vosso repouso.
Que nela eu nunca vos deixe só, mas que eu esteja aí, toda inteira,
completamente vigilante na minha fé, toda adorante, toda entregue à vossa ação
criadora»
(Beata Isabel da Trindade).
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