segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - -“Na casa de Nazaré”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
1825. Consagrar-se a Deus  
            O Beato Paulo VI, quando foi em peregrinação à terra de Jesus, Israel, fez uma visita a Nazaré. Fez uma bela reflexão a partir do que sentia por estar naquele lugar santificado pela presença de Jesus, Maria e José. Diz: “Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus” (Alocuções 05.01.64). Que podemos aprender de Nazaré? A Sagrada Família mostra muito bem como viver para Deus num mundo que insiste em é negá-lo. Certamente podemos pensar que o povo de Israel tinha fé, era religioso e devoto. Mas... acabaram com Jesus e recusaram o Evangelho. Já desde o Antigo Testamento, na linguagem dos profetas, se fala de um resto fiel, os pobres de Javé (Sf 3,13). A família de Jesus, seus discípulos e seguidores eram os pobres. Viviam para Deus, nas muitas dificuldades e até violências da vida. A vida da família de Jesus por viver em Nazaré, que era lugar pobre e sem expressão, vive a intensidade da vida. Inclusive religiosa, pois ali não havia uma organização do culto como nas grandes cidades. Ser consagrado a Deus (nazareno) exige essa abertura total a Deus na simplicidade. É uma escola. Percebemos isso na vida de Jesus. Nessa vida foi educado. Sempre para Deus, em qualquer situação e circunstância. Cantamos: “Na casa de Nazaré, o sim ecoou sereno e Deus se fez pequeno”. Responder a Deus é simples e discreto.
1826. Pobreza como riqueza
             Nazaré, segundo os estudos arqueológicos, era um lugarejo fora das rotas das estradas. Devia ter uns duzentos habitantes. Eram muito humildes e pobres. Eram capazes de viver intensamente com o pouco que tinham. A pobreza que se prega, não é tanto a falta de coisas, mas a abertura para Deus como maior riqueza. Então tudo é grande, é precioso, é rico. Podemos dizer que o melhor recheio para um pão sofrido é o amor. O desapego faz de qualquer coisa uma grande riqueza. Receita para uma boa saúde: pão com amor. Procuramos encher nossa vida com tanta coisa. O pouco quando é amado é grande riqueza. Não procuramos que faltem coisas. Queremos a fartura para todos. Mas a fartura sem o sentido da riqueza de Deus nunca satisfaz. A pobreza que aprendemos em Nazaré é a riqueza do coração. Quanto faz falta para nós a simplicidade, a capacidade de servir, de ficar feliz em todo lugar, mesmo se falta alguma coisa. Vivendo no amor, tudo é gostoso e rico. Um colega missionário, vivendo na Angola durante a guerra dizia: “A gente comia folhas e era feliz”. Faltava tudo. Tinha o alimento para o coração.  Não se quer miséria.
1827. Buscar água no poço

            A família de Nazaré ensina também a viver com os outros. Quantas vezes Jesus e Maria terão ido ao poço buscar a água. As casas eram extremamente humildes. Quem sabe um cômodo para a família e algum ambiente para animais e as poucas reservas. Jesus era filho do carpinteiro, mas suas parábolas são sobre o campo e o lago. Ali cada um tinha sua pequena plantação e alguns animais. Era uma grande família. Viviam próximos e dedicados uns aos outros. Tudo era comum. Problemas não faltavam. É nesse ambiente que devemos procurar as virtudes da Sagrada Família e fazer sagrada a nossa família. Nesse ambiente simples, a simples família foi suficiente para educar o Filho de Deus feito Homem. Em qualquer circunstância podemos ter um coração capaz de amar e servir a Deus. Assim o povo sofrido poderá encontrar nova sorte.

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