Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
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1825.
Consagrar-se a Deus
O Beato Paulo VI, quando foi em
peregrinação à terra de Jesus, Israel, fez uma visita a Nazaré. Fez uma bela
reflexão a partir do que sentia por estar naquele lugar santificado pela
presença de Jesus, Maria e José. Diz: “Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola
do Evangelho. Aqui se
aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e
tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do
Filho de Deus” (Alocuções 05.01.64). Que podemos aprender de Nazaré? A Sagrada Família mostra
muito bem como viver para Deus num mundo que insiste em é negá-lo. Certamente
podemos pensar que o povo de Israel tinha fé, era religioso e devoto. Mas...
acabaram com Jesus e recusaram o Evangelho. Já desde o Antigo Testamento, na
linguagem dos profetas, se fala de um resto fiel, os pobres de Javé (Sf
3,13). A família de Jesus, seus discípulos e
seguidores eram os pobres. Viviam para Deus, nas muitas dificuldades e até
violências da vida. A vida da família de Jesus por viver em Nazaré, que era
lugar pobre e sem expressão, vive a intensidade da vida. Inclusive religiosa,
pois ali não havia uma organização do culto como nas grandes cidades. Ser
consagrado a Deus (nazareno) exige essa abertura total a Deus na simplicidade.
É uma escola. Percebemos isso na vida de Jesus. Nessa vida foi educado. Sempre
para Deus, em qualquer situação e circunstância. Cantamos: “Na casa de Nazaré,
o sim ecoou sereno e Deus se fez pequeno”. Responder a Deus é simples e
discreto.
1826.
Pobreza como riqueza
Nazaré, segundo os estudos arqueológicos, era
um lugarejo fora das rotas das estradas. Devia ter uns duzentos habitantes. Eram
muito humildes e pobres. Eram capazes de viver intensamente com o pouco que
tinham. A pobreza que se prega, não é tanto a falta de coisas, mas a abertura
para Deus como maior riqueza. Então tudo é grande, é precioso, é rico. Podemos
dizer que o melhor recheio para um pão sofrido é o amor. O desapego faz de
qualquer coisa uma grande riqueza. Receita para uma boa saúde: pão com amor. Procuramos
encher nossa vida com tanta coisa. O pouco quando é amado é grande riqueza. Não
procuramos que faltem coisas. Queremos a fartura para todos. Mas a fartura sem
o sentido da riqueza de Deus nunca satisfaz. A pobreza que aprendemos em Nazaré
é a riqueza do coração. Quanto faz falta para nós a simplicidade, a capacidade
de servir, de ficar feliz em todo lugar, mesmo se falta alguma coisa. Vivendo
no amor, tudo é gostoso e rico. Um colega missionário, vivendo na Angola
durante a guerra dizia: “A gente comia folhas e era feliz”. Faltava tudo. Tinha
o alimento para o coração. Não se quer
miséria.
1827.
Buscar água no poço
A família de Nazaré ensina também a
viver com os outros. Quantas vezes Jesus e Maria terão ido ao poço buscar a
água. As casas eram extremamente humildes. Quem sabe um cômodo para a família e
algum ambiente para animais e as poucas reservas. Jesus era filho do
carpinteiro, mas suas parábolas são sobre o campo e o lago. Ali cada um tinha
sua pequena plantação e alguns animais. Era uma grande família. Viviam próximos
e dedicados uns aos outros. Tudo era comum. Problemas não faltavam. É nesse
ambiente que devemos procurar as virtudes da Sagrada Família e fazer sagrada a
nossa família. Nesse ambiente simples, a simples família foi suficiente para
educar o Filho de Deus feito Homem. Em qualquer circunstância podemos ter um
coração capaz de amar e servir a Deus. Assim o povo sofrido poderá encontrar
nova sorte.
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