Evangelho segundo S. João 2,1-11.
Naquele
tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A
certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a
minha hora» Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, e cada
uma levava duas ou três medidas.
Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de
água». Eles encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai
ao chefe de mesa». E eles levaram. Quando o chefe de mesa provou a água
transformada em vinho, — ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que
tinham tirado a água, sabiam — chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente
serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o
inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora». Foi assim que, em Caná da
Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os
discípulos acreditaram n’Ele.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Efrém (c. 306-373), diácono da
Síria, doutor da Igreja
Diatessarum XII
«Guardaste o vinho bom até agora»
No deserto, Nosso Senhor multiplicou o pão,
e em Caná transformou a água em vinho. Habituou assim a boca dos homens ao seu
pão e ao seu vinho, até ao momento em que lhes deu o seu corpo e o seu sangue.
Fê-los saborear um pão e um vinho transitórios, para fazer crescer neles o
desejo do seu corpo e do seu sangue vivificantes. [...] Atraiu-nos com coisas
agradáveis ao paladar, para nos conduzir àquilo que vivifica plenamente a nossa
alma. Escondeu a doçura no vinho que fez, para mostrar aos convidados que
tesouro incomparável se esconde no seu sangue vivificante.
Como primeiro
sinal, deu um vinho agradável aos convidados, para manifestar que o seu sangue
alegraria todas as nações. Com efeito, assim como o vinho intervém em todas as
alegrias da Terra, assim também todas as libertações se prendem com o mistério
do seu sangue. Ele deu aos convidados de Caná um vinho excelente que lhes
transformou o espírito, para lhes mostrar que a doutrina de que ia abeberá-los
lhes transformaria o coração.
Este vinho, que no princípio não era senão
água, foi transformado nos cântaros, símbolos dos primeiros mandamentos enviados
por Ele com vista à perfeição. A água transformada é a Lei levada ao seu
cumprimento. Os convidados da boda beberam aquilo que tinha sido água, mas que
já não sabia a água. Do mesmo modo, quando ouvimos os antigos mandamentos, não
os saboreamos no seu antigo sabor, mas no novo.
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