Evangelho segundo S. Marcos 2,1-12.
Quando Jesus
entrou de novo em Cafarnaum e se soube que Ele estava em casa, juntaram-se
tantas pessoas que já não cabiam sequer em frente da porta; e Jesus começou a
pregar-lhes a palavra. Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro
homens; e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão,
descobriram o tecto, por cima do lugar onde Ele Se encontrava e, feita assim uma
abertura, desceram a enxerga em que jazia o paralítico. Ao ver a fé daquela
gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados». Estavam ali sentados alguns escribas, que assim discorriam em seus corações: «Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode
perdoar os pecados?». Jesus, percebendo o que eles estavam a pensar,
perguntou-lhes: «Porque pensais assim nos vossos corações? Que é mais fácil?
Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, toma
a tua enxerga e anda’? Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na
terra o poder de perdoar os pecados, ‘Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico – levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’». O homem levantou-se,
tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente, de modo que todos ficaram
maravilhados e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Catecismo da Igreja Católica
§§ 976-982
«Filho, os teus pecados estão perdoados.»
«Creio na remissão dos pecados»: O Símbolo
dos Apóstolos liga a fé no perdão dos pecados à fé no Espírito Santo, mas também
à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos
Apóstolos que Cristo ressuscitado lhes transmitiu o seu próprio poder divino de
perdoar os pecados: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os
pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão
retidos» (Jo 20,22-23).
«Um só batismo para a remissão dos pecados»:
Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao batismo: «Ide por todo o mundo
e proclamai a boa nova a todas as criaturas. Quem acreditar e for batizado será
salvo» (Mc 16,15-16). O batismo é o primeiro e principal sacramento do perdão
dos pecados, porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e
ressuscitou para a nossa justificação, a fim de que «também nós vivamos numa
vida nova» (Rom 6,4). «No momento em que fazemos a nossa primeira profissão de
fé, ao receber o santo batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão
pleno e total, que não fica absolutamente nada por apagar, quer da falta
original, quer das faltas cometidas de própria vontade por ação ou omissão; nem
qualquer pena a suportar para as expiar [...]. Mas apesar disso, a graça do
batismo não isenta ninguém de nenhuma das enfermidades da natureza. Pelo
contrário, resta-nos ainda combater os movimentos da concupiscência, que não
cessam de nos arrastar para o mal» (Cat. Rom.).
Neste combate contra a
inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante para evitar
todas as feridas do pecado? «Portanto, se era necessário que a Igreja tivesse o
poder de perdoar os pecados, [...] era necessário que fosse capaz de perdoar as
faltas a todos os penitentes que tivessem pecado, até mesmo ao último dia da sua
vida» (Cat. Rom.). É pelo sacramento da penitência que o baptizado pode ser
reconciliado com Deus e com a Igreja. [...]
Não há nenhuma falta, por
mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. «Nem há pessoa, por
muito má e culpável que seja, a quem não deva ser proposta a esperança certa do
perdão, desde que se arrependa verdadeiramente dos seus erros» (Cat. Rom.).
Cristo, que morreu por todos os homens, quer que na sua Igreja as portas do
perdão estejam sempre abertas a todo aquele que se afastar do pecado.
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