Evangelho segundo S. Marcos 1,40-45.
Naquele
tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se
quiseres, podes curar-me».Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e
disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou
limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas
nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que
Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que
partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não
podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e
vinham ter com Ele de toda a parte.
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274),
franciscano, doutor da Igreja
Vida de S. Francisco, Legenda Major 1, 5-6
«Jesus, compadecido, estendeu a mão e tocou-lhe»
Certo dia em que passeava a cavalo na
planície que fica perto de Assis, Francisco cruzou-se inesperadamente com um
leproso. Teve um sentimento de horror intenso mas, lembrando-se da resolução de
vida perfeita que tomara, e de que devia, antes de mais, vencer-se a si mesmo,
se queria ser «soldado de Cristo» (2Tim 2,3), saltou do cavalo para abraçar o
infeliz. Este, que estendia a mão pedindo uma esmola, recebeu um beijo com o
dinheiro. Em seguida, Francisco voltou a montar o cavalo. Mas, por muito que
olhasse para um lado e para o outro, não viu o leproso. Cheio de admiração e de
alegria, pôs-se a cantar louvores ao Senhor e prometeu não se deter neste ato de
generosidade. […]
Abandonou-se então ao espírito de pobreza, ao gosto da
humildade e aos impulsos de uma piedade profunda. Se até então a simples visão
de um leproso o fazia estremecer de horror, passou a fazer-lhes todos os favores
possíveis, com perfeita despreocupação por si mesmo, sempre humilde e muito
humano; fazia-o por causa de Cristo crucificado que, nas palavras do profeta,
«foi desprezado como um leproso» (Is 53,3). Ia visitá-los com frequência,
dava-lhes esmolas e, emocionado de compaixão, beijava-lhes afetuosamente as mãos
e o rosto. E aos mendigos, não se contentando em lhes dar o que tinha, quereria
dar-se a si mesmo – de maneira que, quando não levava dinheiro consigo,
dava-lhes as suas vestes, descosendo-as ou rasgando-as para as distribuir.
Foi por esta altura que realizou a peregrinação ao túmulo do apóstolo
Pedro, em Roma. Quando viu os mendigos que fervilhavam no chão da basílica,
levado pela compaixão e atraído pelo amor da pobreza, escolheu um dos mais
miseráveis, propôs-lhe trocar as suas vestes pelos farrapos com que o homem se
cobria, e passou todo o dia na companhia dos pobres, com a alma cheia de uma
alegria que nunca, até então, conhecera.
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