sexta-feira, 9 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Bem-aventurada aquela que acreditou”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Venho fazer tua vontade
            A liturgia clama pela vinda do Salvador: “Derramai, ó céus, lá do alto, o vosso orvalho... Abra-se a terra e produza a salvação” (Is 44,8). Deus nos deu um Salvador, Jesus. Na oração da missa de hoje pedimos: “Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a Encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua Paixão e Cruz, à glória da Ressurreição”. Celebramos o único mistério de Cristo que celebra sua Manifestação. O Mistério Pascal de Cristo acontece em sua amorosa “obediência” à vontade do Pai, como proclama a carta aos Hebreus: “Ao entrar no mundo ele afirmou: Eis-me aqui! Eu vim ó Deus para fazer tua vontade. Graças a esta vontade é que somos santificados” (Hb 10,5-10). Maria participa deste mistério de obediência ao dizer: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Torna-se cheia do Espírito Santo. A Palavra viva no seio de Maria comunica a Isabel o Espírito que faz exultar o menino João. Ela é a arca da aliança que tem a presença de Deus. Isabel, cheia do Espírito, proclama a bem-aventurança da fé que acontece em Maria: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Em Maria, é toda a humanidade que acolhe o Salvador. Em Isabel, toda humanidade proclama a fé de Maria. A redenção chega a todo o Universo por Jesus que nos vem pela Mãe do Senhor. O Espírito que fecundou o seio de Maria e encheu de júbilo Isabel e o menino que estava em seu seio, fecunda sua Igreja na celebração do Natal para que ela, fiel como Maria, possa acolhê-lo e manifestá-lo.
Comunidade de amor
Não podemos contemplar a cena da visita de Maria a Isabel como uma cena de comadres que se ajudam na gravidez de um menino temporão. A primeira caridade é levar a graça da Salvação. A visita é a celebração da efusão do Espírito e da bem-aventurança da fé de Maria, a Filha de Sião, ícone de toda humanidade grávida do Filho de Deus. Em Maria se realiza a profecia de Isaias: “Ele será chamado Emanuel, que quer dizer, Deus conosco” (Is 7,14 e Mt 1,23). O gesto amoroso de Maria para com sua prima é uma irrupção do Espírito. Todo gesto de amor que a comunidade dos fieis realiza, será sempre uma presença do Espírito que continua dando a certeza que Deus não nos abandona, como ouvimos em Miquéias (Mq 5,2). Somos convidados a deixar que o Espírito irrompa em nossa vida, e que nos tornemos dóceis à Palavra divina que traz o Salvador. Como Maria a Igreja diz: “eis a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Neste momento o Espírito Santo geral nela o Filho de Deus.
Natal, um mistério de obediência

               A obediência recebeu uma marca negativa no correr da história. A obediência de Jesus que contemplamos na segunda leitura é a abertura à vontade de Deus. Procurar a vontade de Deus é ser obediente. A vontade de Deus não escraviza ou coíbe os projetos humanos. Ela promove o ser humano, como conduziu Jesus à plena realização do projeto de Deus e se tornou para nós redenção e santificação. Celebrar o Natal é abrir-se e acolher a manifestação da eficaz misericórdia de Deus, como escreve Paulo a Tito (Tt 2,11). Ela nos ensina a assumir um modo de vida correspondente ao que Cristo ensinou em seu Natal. Pela obediência de Cristo somos santificados; por nossa abertura a Deus vivemos este mistério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário