terça-feira, 2 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és o Messias”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Quem quiser me seguir
Um autor, Tomás Frederici, explicando a profissão de fé de Pedro, diz que Jesus chegara ao meio de sua missão e vê que parece haver um fracasso. Ele está ali com um grupinho de discípulos e o povo não sabe quem Ele é: “‘Que dizem o homens que eu sou?’ Eles responderam: ‘Alguns dizem que tu és João Batista; outros  que é Elias; outros dizem que é um dos profetas’” (Mc 8,27-28). O Messias esperado é um desconhecido. Não sabem quem Ele é. Esse acontecimento se dá fora do território de Israel, nas nascentes do Jordão. Ali, comentou-me um padre que é daquela região, havia um templo pagão ao Filho de Deus. S. Mateus (16,16) acrescenta a Messias, o Filho de Deus. A resposta de Pedro condensa tudo o que se esperava do Messias futuro: Messias (em hebraico) é a mesma palavra Cristo (em grego) e significa o Ungido de Deus: Ele é o descendente de Davi, nele se espera o dom divino  da justiça, liberdade, prosperidade, o Reino de Deus. Toda a história do povo tem sentido na espera deste Messias. Não há outro Filho do Homem a se esperar. Notemos que essa profissão de fé de Pedro confirma Jesus em sua caminhada, pois havia gente que não acreditava em Jesus. Por que Jesus proíbe que digam que Ele é o Messias? Ele sabe que o povo espera um messias político. Para evitar isso manda que não comentem com ninguém (v. 30). O Messias, como Jesus entendia, deveria sofrer muito, morrer e ressuscitar. Marcos vai além do sofrimento de Jesus e explica que o discípulo passa pelo mesmo caminho que Jesus-Messias: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me, pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, vai salvá-la” (Mc 8, 34-35). Quem aceita Jesus aceita participar do que Ele viveu, com a promessa de participar de sua ressurreição. A fé em Jesus recusa qualquer mudança em seu modo de ser Messias.
Fé sem obras é morta
            A carta de Tiago enfrenta um problema sério nas comunidades: A fé desligada da vida. Paulo ao afirmar que o “justo viverá da fé” (Rm 1.17) e que “o homem é justificado pela fé, sem as obras da leis (Rm 3,28), pode ter provocado nos cristãos um desleixo das obras da fé. Mas ele mesmo afirmará que a “fé age pela caridade” (Gl 5,6). Tiago responde que “a fé, se não se traduz em obra, por si só está morta” (Tg 2,17). A profissão de fé implica no seguimento de Jesus de maneira total, colocando em prática o mandamento do amor. Tiago escreve: “Mostra-me tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg 2,18). Paulo afirma também as obras da fé pela caridade. A fé salva, mas não sem as obras.
Afasta-te, satanás!
            Estranhamos a atitude de Jesus quando Pedro o repreende por mostrar o caminho da Paixão. Jesus foi duro: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8,33). Satanás significa o inimigo, o que tentara Jesus no deserto. Jesus fala essas palavras olhando para os discípulos (v.33). Esse olhar quer dizer que seu compromisso está ligado também aos discípulos que crêem Nele. A profissão de fé na Eucaristia é um momento de reafirmar nossa adesão clara a Jesus. Muitos gostam dele, mas nem sempre do jeito que Ele é. Usam Jesus para seus fins e não o aceitam como Ele é. Quem sabe quem é Jesus, tem uma atitude coerente com Ele e não com os homens.

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