domingo, 3 de julho de 2016

Homilia da festa de Pedro e Paulo (03.07.16) “Pilares da Igreja”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Fé para evangelizar
            A leitura dos Atos dos Apóstolos e da 2ª epístola a Timóteo narra o sofrimento e a fortaleza de Pedro e Paulo. Por serem discípulos de Jesus foram perseguidos. Em sua fé encontraram força na certeza da presença de Jesus. Paulo diz: “O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças” (2Tm 4,17). Pedro tem o mesmo sentimento: “Sei que o Senhor enviou o seu anjo para libertar-me do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava” (At 12,11). A fé é a garantia dessa certeza: “Tu és o Messias, Filho de Deus vivo”, diz Pedro (Mt 16,16). Paulo proclama: “Combati o bom, combate, completei minha carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7). A missão dos dois apóstolos não é só uma obra apostólica, mas fruto de uma fé. Esta fé não é uma atitude primeiramente humana, mas vem do próprio Pai. Jesus o afirma: “Feliz és tu, Simão, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17). O fundamento de toda a fé é o dom do Pai, acolhido pelo homem. Isto porque a fé supõe também a condição humana. Jesus afirma categoricamente: “Por isso Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Id 18). Aqui tem um jogo de palavras: Pedro e pedra são a mesma palavra em hebraico – Cefas. A fé está em uma pessoa. Lembramos que Jesus se encarnou na “humanidade” e os sacramentos têm a parte material, por exemplo, o pão e o vinho, a água etc... Por isso temos a missão de Pedro que é continuada pela Igreja, tendo Pedro, o Papa, como cabeça. O modo de o Papa ser Papa, varia de acordo com os tempos. Cada Papa nos abre uma compreensão de um aspecto de seu ministério. Nenhum Papa é igual ao outro, mas todos continuam a missão de Pedro de confirmar na fé (Lc 22,32).
Um modo de viver da Igreja
Entre os muitos ensinamentos da festa dos dois apóstolos, podemos refletir a partir de sua missão que é a unidade de fé missão de Cristo na diversidade. A unidade se faz na fé. A mesma fé em situações diferentes traz um modo de ser Igreja. Esta não se fixa nas formas, mas no dinamismo da fé. Havia uma grande questão que incomodava as comunidades: “Os cristãos provindos do paganismo deveriam praticar a lei judaica?” Foi definido pelos apóstolos que os judeus convertidos seguiriam a lei de Moisés e as tradições e crendo em Jesus como Messias. Os gentios não teriam obrigação de seguir os preceitos da tradição judaica, mesmo sendo cristãos. São dois modos de ser Igreja. O modo judeu durou algum tempo. É importante para a Igreja abrir às pessoas o conhecimento de Jesus para que lhes seja dada a fé como foi dada a Pedro. Mas deve-se estar atento à diversidade das culturas para que não se atrele a fé a uma cultura, como aconteceu por séculos. Não se nega o valor da cultura de romana, mas as culturas dos povos também têm grandes valores. Esse é o ensinamento do Vaticano II no documento Ad Gentes sobre a missão (AG nº 10 e 22).
Viver a fé na adversidade
            A liturgia do dia lembra um resultado da pregação dos apóstolos e ao mesmo tempo indica como devemos viver: “Concedei-nos viver de tal modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma” (Pós-Comunhão). Viver a fé exige que a vida de comunidade seja completa acolhendo a Palavra, formando a comunidade, unindo-se na oração e na festiva fraternidade. Não existe uma fé só para si. Cremos e entramos em um corpo que é a Igreja. Pedro, por ser mais próximo de nós, é mais conhecido que Paulo.
Leituras: Atos dos Apóstolos 12.1-11;Salmo 33; 2 Timóteo 4,6-8.17-18;  Mateus 16,13-19.

1.    Os apóstolos Pedro e Paulo são perseguidos, sofrem, mas sentem a força na fé em Jesus. Sua fé subsiste em sua condição humana. O Papa continua a missão de Pedro de confirmar na fé.

2.   Pedro e Paulo tiveram a mesma missão e a realizaram de modo diferente levando em conta a condição dos cristãos vindos do judaísmo e do paganismo. A Igreja deve estar atenta à diversidade de culturas como ensina o Vaticano II.

3.   A fé que recebemos nos leva a viver o espírito da comunidade primitiva que estava firme nos ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. 

            Dois homens e um mundo

             A festa de S. Pedro e S. Paulo, reunindo estes dois pilares da Igreja, ressalta a unidade da missão de Cristo na diversidade das situações. É uma visão ampla e aberta a todos os povos.
Jesus não abandonou o povo da antiga aliança. Por isso confiou a Pedro sua evangelização.  Ele proclamou para os judeus Jesus como realizador das promessas.
Paulo, não abandonou a tradição dos pais, pois realizou a missão do povo de Deus anunciando o Messias. Deus fez um povo para chegar a todos os povos, e não para que todos os povos chegassem a esse povo.
Ensinamento dos dois apóstolos é um caminho de espiritualidade. Mesmo no sofrimento têm a presença de Jesus, pois assumiram sua vida e sua missão, continuavam o ministério, vivendo seu mistério.
Celebrar os dois apóstolos é constituir comunidades completas perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos, enraizados no amor, tendo um só coração e uma só alma (Pós-comunhão).Como colunas da Igreja, souberam equilibrar o edifício feito de pedras vivas com duas tendências diferentes. A Igreja se estabeleceu no mundo pagão e no mundo judeu.Os dois apóstolos nos dão as primícias da fé (prefácio): Temos o fundamento na profissão de fé de Pedro e no combate de Paulo pela fé. Somos chamados a derrubar as barreiras e manter a unidade. E sejamos fiéis.

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