PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Jesus
se apresenta
Jesus,
em sua caminhada para Jerusalém para cumprir o desígnio do Pai, instrui seus
discípulos. Acontece que um homem lhe pergunta o que deve fazer para merecer a
vida eterna. Jesus pergunta o que diz a Lei? Ele recita o mandamento do amor a
Deus e ao próximo. “Respondeste bem”, disse Jesus. O homem pergunta: “E quem é
meu próximo?” Jesus então conta a parábola sobre o homem que descia de
Jerusalém a Jericó e foi assaltado, ferido e abandonado no caminho. Passam três
pessoas. Duas delas são importantes: o sacerdote e o levita. Olham e passam
adiante. O sacerdote era quem explicava a lei que proclamava a caridade. O
levita era responsável pelo culto. O samaritano era o impuro por sua condição
de herético com respeito a Israel. Ele não passou adiante. Parou, sentiu
compaixão, tratou do homem. Depois colocou no seu cavalo, levou para uma
pensão, cuidou e, na hora de ir adiante, deixou dinheiro para os cuidados e
promete volta para completar o necessário. Suas atitudes são as mesmas de Deus para
com seu povo. Jesus faz a pergunta: “Quem é o próximo do homem que caiu nas
mãos dos assaltantes? “O que usou de misericórdia”, responde o homem. Esse
quadro nos alerta para a caridade para com o próximo. Somos o próximo dos
necessitados.
Jesus
é o modelo
Na
parábola há um ensinamento fundamental para a vida cristã. Mais que um
ensinamento é uma explicação sobre o que vai acontecer em Jerusalém. Dizemos
parábola do bom samaritano. O bom samaritano é o que se faz próximo de cada
pessoa. Jesus é o Bom Samaritano. Os gestos desse homem explicitam as atitudes
de Jesus em seu caminho de redenção. Desceu do Céu, se encarnou, sentiu
compaixão da humanidade caída e ferida sem solução, tomou-nos nos seus braços e
carregando a cruz nos redimiu para a vida. Ele se fez o próximo de todos nós
assumindo nossas dores. Por suas chagas fomos curados (1Pd 2,24). Seu ministério de
ensinamento e culto não se identificam com o sacerdote e o levita que passam ao
lado. Toda a Palavra conduz para o amor. O culto só será autêntico se for
acompanhado da caridade, como lemos também nos profetas. Ao encerrar a parábola
Jesus pergunta quem é o próximo do homem que fora ferido. O mestre da lei
responde: “Aquele que usou de misericórdia para com ele” (Lc 10,37). Jesus não
responde à pergunta quem é meu próximo, mas afirma que eu sou o próximo de cada
pessoa que sofre. Ele se fez o próximo de todos nós, assumiu sobre si nossa
realidade pecadora.
Vai e
faze a mesma coisa (Lc 10,38).
A compreensão da parábola está nestas palavras de Jesus: “Vai e faze o
mesmo”. Para isso é preciso ter entranhas de misericórdia. É muito mais fácil
fazer uma religião de fachada usando o culto, a palavra vazia de vida. O homem
que quis provocar Jesus era um mestre da lei. Conhecia a Palavra de Deus. A
religião verdadeira é cuidar dos órfãos e das viúvas em suas necessidades (Tg 1,27). Continuamos vendo a busca do prazer
espiritual que nunca sacia. Essa lei do amor não está distante de nós como algo
impossível e reservado a poucos. Rerá descer de nossas falsas seguranças e
pegar o caminho de Jesus sua entrega total. Paulo nos mostra que esse Jesus
Cristo que se abaixa é Deus, cabeça de tudo. Assumiu humanidade para
reconciliar consigo todos os seres (Cl 1,20). Não se pode perder de vista que somos bons não pelo cargo
que ocupamos nem pela sabedoria que temos, mas porque temos a capacidade de
sermos próximos de todos. Isso vai nos dar a paz
Leituras:
Deuteronômio 30,10-14; Salmo 18b; Colossenses 1,15-20; Lucas 10,25-37.
1.
Jesus narra a
parábola do samaritano que cuidou do homem ferido. Quem é o próximo? O
samaritano foi o próximo do homem ferido. Somos o próximo dos
necessitados.
2.
Os gestos do samaritano lembram as atitudes de Deus
para com o povo sofrido. Jesus foi nosso samaritano. Ele teve compaixão e tomou
atitudes concretas encarnando-se e assumindo nossas dores e nos curando.
3.
Jesus diz ao homem que ele respondera bem: Vai e faze o
mesmo. Para seguir Jesus é preciso ter entranhas de misericórdia. Esse Jesus misericordioso
é Deus, cabeça de tudo e em seu corpo reconciliou todas as coisas.
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Os
donos do poder religioso e político do tempo de Jesus estavam sempre procurando
um jeito de pegá-lo em alguma palavra. Faziam armadilhas perigosas. Mas Jesus era mais esperto. Sempre tinha uma
resposta completa que ia além do que queriam. Tentaram de todos os jeitos no
campo espiritual, político e jurídico. Lembramos o caso do tributo a Cesar. O
que dissesse dava errado. Mas deu certo.
No evangelho desse domingo, lemos
que armam para pegá-lo pelo lado religioso. Querem saber de Jesus qual era o
fundamento de toda a lei de Deus. Uns diziam que eram os sacrifícios, outros a
Palavra e outros pontos. O mestre da lei, isto é, o entendido nas coisas da lei
de Deus, faz a pergunta sobre o que devia fazer para ter a vida eterna.
Jesus responde perguntando: “O que a Bíblia diz?” Ele responde: “Amarás
o Senhor teu Deus com todo o teu coração... e teu próximo como a ti mesmo”. É
isso aí mesmo, responde Jesus. Para complicar, o homem ainda diz: E quem é meu
próximo?
Jesus conta a parábola do bom
samaritano que já conhecemos bem. Um homem é assaltado, ferido e abandonado na
estrada. Passa um sacerdote do templo; olhou e foi embora; passou uma pessoa religiosa; olhou e passou.
Veio o “mau” que era o samaritano, odiado pelos judeus. Viu, sentiu compaixão,
desceu do cavalo, fez os curativos, pôs no seu cavalo, levou para a pensão,
cuidou, deixou dinheiro para que fosse cuidado e voltou para terminar sua
caridade. Quem foi o próximo? Aquele que cuidou, respondeu.
Jesus ensina que nós somos o próximo
de quem precisa. Os outros não são os próximos. Somos nós. Jesus foi o bom
samaritano que desceu dos céus, cuidou da criatura ferida pelo pecado, pôs nas
costas com a cruz, e cuidou de nós até o extremo.
Deus sempre se abaixa para cuidar de
nós com carinho.
A liturgia ensina que a lei do amor
é fácil de ser cumprida. Unidos a Jesus continuamos sua missão no corpo Dele
que é a Igreja.
Para ir para o Céu é preciso fazer
caridade. Sem isso, pode tirar cavalo da chuva.
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