terça-feira, 3 de maio de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Um ensinamento com autoridade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Ouvindo o profeta
Neste ano não foi celebrado o terceiro Domingo do Tempo Comum porque celebrarmos S.Paulo. Nele, a liturgia da Palavra proclama o início da pregação de Jesus. É o começo de sua vida pública. Ele, movido pelo Espírito, realiza o desígnio - o plano do Pai para o mundo. O centro da pregação de Jesus é a conversão, quer dizer, a mudança de rumos de acordo com esse novo modo de viver que seu Evangelho apresenta. No atual quarto domingo, Jesus, em Cafarnaum, ensina com um poder vindo de sua pessoa conforme a promessa que temos no livro do Deuteronômio: “Farei surgir do meio de meus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar” (Dt 15,18). A autoridade de Jesus é falar a Palavra de Deus, como Moisés fazia, pois este profeta é como Moisés. Ele falava com Deus e depois ao povo, pois assim o povo pediu. A missão de Jesus inicia-se pela Palavra, pois Ele é a Palavra de Deus. No Sinai, quando Deus falou, o povo ficou com muito medo. A autoridade de Deus foi dada a Moises que era interlocutor. Em Jesus não há o pavor, mas o reverente espanto diante da maravilha de um milagre operado (Mc 1,27-28). Jesus assume sua missão de profeta dizendo as palavras que ouviu de seu Pai: “Falei a verdade que ouvi de Deus” (Jo 8,40). Daí vem toda a força de seu ensinamento, explicada pelo milagre. O milagre é uma Palavra de Deus mais que a solução de um problema. Cada um é responsável diante da palavra anunciada: “Eu pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome” (Dt 15,19). Assim podemos entender o milagre que Jesus realizou
Anunciando para libertar
            Marcos, em seu Evangelho, quer mostrar que Jesus é o Filho de Deus, acima de toda força do mal. Por isso vamos ver, muitas vezes, este confronto com o demônio. Esse poder do mal se manifestava nas estruturas dos lugares sagrados que não libertavam as pessoas. E não queriam mudanças. Seu Evangelho era lido pela comunidade frágil que sentia a oposição à pregação do Evangelho por parte dos discípulos. Mas ela tem consciência que a força da Palavra é superior a qualquer oposição do mal instituído no povo. A recusa do mal, em verdade, é uma profissão de fé: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Viestes para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus” (Mc 1,24). O povo judeu reconheceu que Jesus era o Enviado, mas isso destruía seu esquema de poder, inclusive econômico. Não era conveniente. O poder do ensinamento de Jesus era sua capacidade libertadora. Hoje podemos ver que as pessoas até gostam de Jesus. Mas não se comprometem, pois é preciso converter-se e libertar-se destas opressões do mal.
Convertei-vos
             Jesus inicia sua pregação pelas palavras: “Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galiléia proclamando o evangelho de Deus: ‘O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho’” (Mc 1,14-15). João sai de cena. Agora é o tempo de Jesus. João estaria representando o tempo antigo. Todo o passado chegou à maturidade. A novidade do Reino exige conversão: preciso rever os caminhos. Para isso Jesus liberta as pessoas dos males que as prendem. Crer no Evangelho, que significa Boa Notícia, é aceitar a pessoa de Jesus como a Palavra de Deus presente no mundo. Na celebração atualizamos a Palavra para que continue a libertação dos males que nos prendem. É preciso expulsar os demônios de nossa cabeça.

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