PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Na Glória, plenitude da
existência
Em nossa profissão de fé, o Creio, dizemos: “... Creio em Jesus
Cristo... que ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus; está sentado à
direita de Deus Pai todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os
mortos”. A festa da Ascensão, subida de Jesus ao Céu, passa em segundo plano em
nossas celebrações. Mas sem ela não podemos compreender o coroamento de sua
missão e nossa participação nesse mistério que nos ensina sobre Jesus e sobre
nós. Se não houvesse a Ascensão, não entenderíamos a missão de Jesus morto e
ressuscitado. Deus ressuscitou Jesus para fazer o caminho como que de volta de
sua encarnação. Jesus não perdeu a humanidade. Agora ela está glorificada.
Manifesta-se sua condição Divina que ficara oculta na Encarnação. O mistério de
sua glorificação, como nos explica Paulo aos Efésios, é colocá-Lo acima de todo
o poder nesse mundo e no outro. O Pai pôs tudo sob seus pés e fez Dele, que
está acima de tudo, a cabeça da Igreja (Ef 1,17-23). Ele é a fonte de tudo e para ele se dirigem todas
as coisas. Ele não é um santo a mais e não concorre com outros “deuses e senhores”. Em sua humildade se
fez homem e sofreu; na sua glorificação foi exaltado. Ele não perdera sua
condição. Agora nos é manifesto o que é e o que era quando estava conosco. Seu
trono é o universo celeste e terrestre. Mas se alegra em estar com os filhos
dos homens. O paraíso de Deus é o coração do homem (S. Afonso). Para nós, a Glória de Deus está
onde Ele está, sobretudo em nosso coração. Ele virá julgar os vivos e os
mortos. Virá para exercer sua misericórdia.
Levou-nos consigo
A liturgia da missa de hoje quer nos mostrar que a Ascensão
se refere a nós e é o ensinamento sobre nossa condição após a subida de Jesus
ao Céu: “Membros de seu corpo, somos chamados na esperança, a participar de sua
glória” (Oração).
Levou consigo nossa humanidade. Entramos em uma dimensão de convivência com as
realidades do Céu. Por isso, que nossos corações se voltem para o alto, onde já
está junto de Vós a nossa humanidade. Esta, unida à humanidade glorificada de
Cristo. No prefácio rezamos: “Subiu aos Céus, a fim de nos tornar participantes
de sua divindade”. Esta é a identidade do batizado: participar da natureza Divina,
como nos escreve Pedro em sua carta. A festa é também o coroamento de nosso ser
cristão. Não é uma religião. É um novo modo de vida. Já estamos no Céu. Basta
acabar de chegar. Nós fazemos uma espiritualidade dolorosa de subir para o Céu.
Mas é diferente. O esforço não é conquistar, pois Cristo já conquistou para
nós. O esforço é desenvolver o que temos e não perder o que já temos.
Enviou-nos ao mundo para anunciar
Sabemos que a todo dom corresponde uma missão. O Senhor subiu
e eles olhavam. O Anjo alertou a não ficar olhando pra o alto, pois a vida vai
continuar a presença e a missão de Jesus. Revestidos da força do alto serão
testemunhas suas em Jerusalém... até os confins da terra (At 1,8). O próprio
Jesus os coloca como testemunhas de tudo o que realizou. Estar em Cristo é
anunciá-Lo. A missão continua sempre urgente até que volte. O tema fundamental
de nossa comunicação é Cristo para levar todos à unidade da fé e do amor. A
espiritualidade da Ascensão é não perder de vista a direção que Jesus nos dá
com sua Ascensão e a corresponder com a atitude transmitir tudo o que foi
ensinado. Todos têm direito a receber o que recebemos de Jesus. A missão é um
dever e um direito de todos.
Leituras: Atos 1,1-11; Salmo 46; Efésios 1,17-23;Lucas 24,46-53.
1. Sem
a Ascensão não teria sentido a Morte e Ressurreição. A meta era a glorificação.
2. A
Ascensão se refere também a nós que, pela Encarnação, estamos unidos a Jesus em
nossa natureza. Essa natureza foi também glorificada em Jesus.
3. Recebemos a missão de anunciar para levar
todos à unidade da fé e do amor. A missão é um dever e um direito de todos.
Dando o recado certo
A festa da Ascensão de Jesus ao céu, para muita gente, passa
despercebida.
No mistério da festa da Ascensão contemplamos Jesus que,
encerrada sua tarefa humana, completa sua vitória na glorificação junto do Pai.
Não se afastou de nós, pois nos levou consigo. Rezamos: “A Ascensão de vosso
Filho já é nossa vitória”. Já estamos no Céu. É preciso acabar de chegar.
Já estamos no céu! Cristo assumiu a natureza humana. É nossa
carne. Indo ao Céu levou-nos consigo. “Somos chamados na esperança a participar
de sua glória’.
Ele prometeu enviar a força do alto, isto é, o Espírito
Santo: “Recebereis o poder do Espírito Santo para serem minhas testemunhas” (At 1,3). É preciso
conhecer nossa condição cristã com todos os dons que Deus nos deu.
Com o Espírito Santo recebemos o dom de sermos testemunhas de
Jesus com poder, isto é, que nada nos faltará. É Ele quem faz a conversão do
coração.
Rezamos nessa missa e pedimos “conviver na terra com
as realidades do céu”. Por isso “que nossos corações se voltem para o alto,
onde está junto de vós a nossa humanidade” (Pós-Comunhão).
Anunciar Jesus é dar o recado certo ao mundo.
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