“O
deserto é belo porque no meio dele há um poço” (St. Exupéry). Os patriarcas, em
suas migrações, armavam uma tenda e cavavam um poço. A história da salvação
está pontilhada de poços. Jacó cavara um poço . Ali, Jesus, ao meio dia, senta-se
e pede de beber a uma samaritana. Na Cruz, repetirá: “Tenho sede”. A sede de
Deus é dar de beber. Ali, junto àquela água, dá-se um diálogo. Era Deus que
abria um novo poço para sua sede. Ali esperou uma mulher meio pagã, símbolo do mundo
sedento que não sabe onde encontrar a água. “A água que eu lhe der se tornará
fonte que jorra para a vida eterna”, diz Jesus. Esse evangelho é colocado nesse
domingo em vista da preparação para a celebração do Batismo, na noite de
Páscoa. Temos 5 domingos: 1ºdomingo: Cristo vence o mal; 2º: Cristo é
transfigurado. 3º: Promete a Água Viva. 4º: É a Luz; 5º: É a Vida. No
simbolismo da água, encontramos Cristo que dá a Água Viva no Batismo. Ali,
junto ao poço de Jacó, espera pela samaritana. Os samaritanos eram o resultado
de uma mistura de judeus e 5 povos e seus deuses (os 5 maridos da mulher). Ela
se admira que Ele peça água a uma mulher e, pior, auma samaritana. Jesus é a
realização da profecia: “Bebereis com alegria das fontes da salvação” (Is
12,3). Ele lhe faz uma catequese. Jesus que não cede na fé: “A salvação vem dos
judeus”. Mas abre os tesouros de Deus a todos: “Os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em Espírito e Verdade” (Jo 4,23). A verdade está ali: O Cristo:
“Sou eu que estou falando contigo” (Jo 4,26). Os samaritanos crêem em Jesus. Ele é a fonte
das Águas da Vida. “Quem beber desta água não terá mais sede. E a água que eu
lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14).
As águas do Batismo matam a sede da vida eterna. Crer em Jesus é ser lavado do
pecado. O batismo faz germinar uma vida nova em Cristo.
Nós
temos sede
A
samaritana busca água para sua sede e encontra em Jesus a fonte: Diz ela: “Dá-me
desta água”. Dar água é acolher. Ele, pedindo água, pediu para ser acolhido e,
ao mesmo tempo, acolhe. A água que Jesus
dá é o Espírito, a força que vem de dentro e ‘jorra para a vida eterna’. O Povo
no deserto murmura contra Moisés, pois eles não têm água. Preferem voltar ao
Egito e ser escravo (Ex 17,3). Moisés bate na rocha e brota água abundante (Ex
17,6). Cristo é a Rocha que dá a água do Espírito. Paulo nos ensina que somos
salvos e justificados por Cristo. Essa salvação vem a nós pelas águas do
Batismo que saciam nossa sede fundamental: Ter Deus. A sociedade quer fazer-se
salvadora de si mesma e não salva. Nós temos uma fonte de água corrente (Água Viva)
que jorra do lado aberto de Cristo (Jo 9,34). Esse rio fecunda nossas vidas, a
partir do batismo, e jorra em nossas celebrações.
Adorar
em Espírito e Verdade
Jesus tem um diálogo religioso com a samaritana que queria saber onde adorar a Deus: em Jerusalém ou no monte Garizim. Jesus responde que os verdadeiros adoradores superarão a religião de templos e irão à adoração em Espírito e Verdade - no Espírito Santo e em Cristo. A mulher vai avisar o povo sobre Jesus. Encontrar Jesus a leva a deixar o balde vazio e levar outros às fontes d’Água Viva. Ela é a primeira missionária que convida a acolher a fé. Conta a experiência que ela própria fez: “Vi um homem... assim, assim; não será ele o Messias?” No tempo quaresmal fazemos uma caminhada batismal. Para nós, em cada Eucaristia, brota um rio de Água Viva na assembléia da Igreja.
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